quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Escadas de vida

Conheceu-o quando foi viver para Lisboa.

O filho entrava no 2º ano e era a primeira vez que ficava sozinho em casa. Para poder pagar a casa, não havia hipótese de arranjar ninguém para ficar com ele. Começava a trabalhar cedo, às sete da manhã, e as aulas começavam às nove.

No primeiro ano, o refeitório da escola não funcionou. O filho almoçava em casa do Sr.F. com a neta dele. A mulher ainda trabalhava e a filha e o genro também. Logo no segundo ou no terceiro dia que se mudou para aquela casa, ele se ofereceu para olhar pelo “neto” emprestado, durante o almoço. E fê-lo, durante um ano lectivo inteiro.

Depois, os anos passaram. Deixou de ser preciso dar almoço ao seu menino, os dois netos, a verdadeira e o emprestado, separaram-se na escola, e deixaram de se ver tanto.

A doença, as doenças, também ajudaram ao afastamento. Primeiro o coração, depois os rins, depois um atropelamento e o Sr. F. passou a dividir a sua vida entre o Hospital e a sua casa. Quando estava em casa, passava muito tempo na janela. Por detrás dos vidros, a olhar para as árvores do Instituto. Parecia que não a reconhecia mais. A ela parecia-lhe que o olhar dele não falava. mas nunca teve a certeza.

Nos últimos tempos, as doenças, entretanto, diagnosticadas (ela não fazia ideia que era possível ter Parkinson e Alzheimer, ao mesmo tempo, mas parece que é) afastaram o Sr. F. definitivamente da janela. Não que não ande. A mulher diz que faz quilómetros diariamente, duma ponta a outra de todas as assoalhadas.

Percorre-as incessantemente e sem motivo aparente. Quando ela lhe pede para parar, diz que está parado e continua. Horas a fio. Mas deixou de parar na janela. Agora, diz a mulher, gosta de as ter sempre fechadas.

Hoje, a filha, o genro e os netos estavam fora para um casamento. Ficou sozinho em casa com a mulher.
No meio da chuva intensa, tocaram a campainha. “Só fui a casa da minha filha, fechar as janelas”, disse. E desapareceu em direcção ao lado contrário da casa.

Calçou umas botas à pressa, vestiu a gabardina e saiu no seu encalço. Correu ruas e ruelas. Chovia imenso e não havia ninguém na rua.
Encontrou-o, finalmente, a descer as escadas que levam ao Coliseu. Estava encharcado. Andava apressado. Perguntou-lhe o que fazia ali. Respondeu que andava à procura da cozinha.
Pegou-lhe no braço devagarinho e ele seguiu-a. Não lhe parece que alguma vez a tenha olhado enquanto subiam as escadas e a Calçada. Apenas subia as escadas.
Vinha num passo apressado. Anda num passo tão apressado, pensou. Deve ter sido por isso que custou tanto encontrá-lo.
Diria, no entanto, que a acompanhava, meigamente. Como se ainda sentisse o calor dos braços dela que o traziam de volta. E lhe soubesse bem o calor. Ou voltar.

Ao chegar á porta de casa, olhou-a finalmente. Havia palavras no olhar dele, mas ela não as entendeu. Falava demasiado baixinho.
Antes de começar a subir as escadas falou, enfim. Disse-lhe que tinha mentido. Mas não queria que a mulher soubesse e ficasse triste. Mentiu em quê, sr. F.? Não sei. Só não quero que ela fique triste. Não lhe diz pois não? Que eu menti…Prometeu que nada diria. Possivelmente não era a cozinha que procurava, pensou.

Fala, anda, vê, ouve. Tem memórias. Baralhadas, mas memórias. Apenas não vive. E não quer que a mulher fique triste. Mesmo que para isso tenha que mentir.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O sorriso

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As coisas que nós gostamos muito...

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima de não ver
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há-de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Manuel da Fonseca

Noite de Sol / Sol da Noite

domingo, 19 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Na manhã fria de quase neve...

Abriu a janela. Encheu o peito de ar. Respirou o frio quase neve, e sorriu. Da última vez que tinha respirado um frio neve mesmo, estavam os dois, pensou. Sorrindo.
(Esqueceu o quase).
Hoje também.
Fechou a janela devagarinho, ainda olhou mais uma vez de frente o frio quase neve, através dos vidros embaciados do cheiro a café com leite e torradas. E sorriu.
Agora também estão, pensou. Respirou fundo e viveu.
Pelo caminho, ainda tentou entender quando tinha começado o "agora também" sem rios e estradas e montes pelo meio. Deu-se conta que já ia séculos, muitos séculos, atrás. Suspendeu a viagem. Por momentos teve receio de se perder na vertigem da eternidade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

24us2

O meu nome, teu

Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos

No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome

Mia Couto

sábado, 11 de dezembro de 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Não há lutas cómodas!!

Apesar de me obrigarem a chegar a casa às 2 da manhã...ou entramos mesmo por caminhos novos, ou enfrentamos os poderes, o económico, o político, o judicial, o das direcções sindicais e das suas "lutas com tudo no sítio menos resultados" ou a derrota será ainda mais pesada.

Não me interessa se ganham bem, se são privilegiados, se usaram métodos ilegais ou imorais. Sei que não podem ter posto em causa a vida e a segurança de alguém, porque, quem diariamente, as assegura, não os põe em causa por irresponsabilidade ou por revolta.

Não vale a pena fazer greve se esta não se destinar a ser incómoda e, se pelo caminho, isso acabar por prejudicar "inocentes", as medidas que os verdadeiros culpados vão tomando não nos retêm nos aeroportos umas horas ou uns dias...retiram-nos anos de lutas, de direitos, de trabalho. E de futuro.

A nossa luta não pode ser contra quem vende a sua força de trabalho e por ela aufere mais que nós. Tem que ser contra quem a explora, quem cria desemprego e retira direitos.
A posição traidora dos seus sindicatos e cobarde dos Partidos de Esquerda é a prova de que ou se mudam os paradigmas e são os trabalhadores que os mudam ou se esperarmos pelos burocratas, sejam eles de "Esquerda à séria" ou "de Esquerda assim-assim", o caminho será o que se tem trilhado nas últimas décadas: de derrota em derrota até à derrota final.
A repressão está aí. Os militares ocuparam as torres de controle e os controladores foram obrigados a voltar ao trabalho. Mas onde há repressão há resistência, dizem os livros...

Não me rala nada ter chegado com cinco horas de atraso...o que são 5 horas de atraso comparadas com a dignidade de quem luta?

Com neve, com frio, mas com um sorriso...foi muito bom!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Blog em repouso...


Até Sábado, à noite, andarei longe...e tenho a certeza que andarei bem.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Io che amo solo te



Tal como então...

...a felicidade continua a ter o mesmo sabor.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Em luta!

Há uns minutos iniciou-se mais uma luta. É, apenas, mais uma luta. Possivelmente nem feita no momento certo. Mas isso não interessa para nada, agora. A vida daqueles que não se resignam é todos os dias feita de "apenas mais uma luta". Grande parte delas nem sequer no momento certo. Da forma certa. Muitas vezes batalhas perdidas.

E depois recomeçamos sempre.
Daí o Zeca, a Grândola e este concerto. A gente um dia muda isto.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Vida

Quando escolhi esta foto nova para o Blog, foi, quase, por acaso. Achei-a bonita e gosto muito de azul.
Agora, poucos dias depois, não é só uma foto bonita e azul.
Naqueles caminhos, feitos de memórias, estamos nós.
Naqueles caminhos, cruzados de vidas, estamos nós.
Naqueles caminhos, prontos a ser percorridos de novo e sempre, estamos nós.
À volta crescem flores e uma ervita selvagem. Vida. Como à nossa volta. Alguém lá colocou umas pedras, mas nada que impeça o caminho.
O dia parece cheio de luz. Como gostariamos sempre que os nossos fossem.
A madeira da estação dá-lhe um ar aconchegador, terno e quente, Como gostariamos sempre que a nossa estação fosse.

A placa deve dizer o nome da estação...mas não dá para ver. Tal como as nossas, seremos nós a dar-lhes nome. A estação, esta estação, cada estação, terá o nome que lhe quisermos dar. Nós.

"No dia anterior já eu serei feliz"

sábado, 20 de novembro de 2010

Contagem decrescente...

Não escolho entre estas escolhas!!

Oh pá, vocês desculpem lá, mas entre a "democracia" do ocupante e a ditadura do ocupado, eu vou para a rua gritar pela liberdade.
Entre o imperialismo ocupante a a ditadura resistente, eu vou para a rua gritar pela Paz, pela direito dos povos à autodeterminação dos jugos externos e internos, pelo fim das agressões militares, pelo direito dos povos à justiça social e à liberdade.

Nunca me convidem a escolher entre fundamentalismos. A minha luta é mesmo outra: entre o capitalismo e o feudalismo, sejam eles nas suas vertentes económicas, sociais, políticas, culturais ou ideológicas, a minha luta é pelo Socialismo!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Esta noite sinto-me particularmente mal acompanhada

Para aconchegar a noite



(Com a devida vénia, roubado ao Vias de Facto, a maravilhosa versão de Marcel Mouloudji, de Le temps des cerises).

Suspiro

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Já alguém se apercebeu que eu mudei o Blog??

A foto e tudo?? Acho giro ter um Blog e andar a mudar-lhe de cara regularmente..

Daqui a uns dias mudo tudo outra vez!! :))

As legendas, tal como muitas vezes as palavras...estão a mais! O resto não.

E hoje com quem é que eu janto??

Os meus "amiguinhos"

Gosto do Facebook. A sério. Gosto mais do Facebook que dos Blogs porque tem coisas bem mais giras...
Por exemplo os amigos! Aqui não há "amigos". E os amigos são importantes.

De vez em quando tenho uns "amigos" giros que me pedem...amizade no Facebook. Pronto, de vez em quando é ser modestazinha...acontece amiúde.

Têm nomes originais: já tenho uma Rosalina, uma Dulcineia, um Teófilo ...outros nem tanto, tenho uma Celeste Barros, uma Elsa, uma Maria Alice e um Marcos Pedroso do Amaral e Castro (pelo nome, deve ser o único que tem algum pedigree!) e têm algumas características comuns: não têm foto, não os conheço de lado nenhum, a maioria não tem aquelas letrinhas para enviar mensagens (a Celeste, que era uma gata, tinha e chegámos a entrar em falação...mas agora só restam as mensagens....entretanto, num dia em que morreram mais coisas, a gata, tadinha, também morreu!!), não têm nada na informação (alguns dizem se são gajo ou gaja, não vá eu não entender pelo nome) e nos amigos em comum têm assim tipo a Esquerda.Net, o Aventar Blog, as Edições Afrontamento...isto é, todos eles têm 3000, 5000 amigos e...euzinha!!
Nessas ocasiões costumo sentir-me uma ...instituição! Só não aceito porque acho que as instituições não dormem...e eu gosto de dormir e depois posso não dar a assistência devida aos meus "amigos".

Ontem chegou-me uma amiga original: chama-se Clarissa, simplesmente ...e sou a única amiga ou a primeira amiga, a escolhida (da Rosalina também, mas não gosto tanto do nome e é a minha vizinha, haja respeito pelos vizinhos da gente...). Não fosse não conhecer nenhuma Clarissa, e Clarissa me fazer lembrar conventos e freiras daquelas que ainda não casaram não sei bem com quem, esta aceitava. Ser a escolhida de uma Clarissa não acontece a qualquer um(a).

Assim, não dá.

E daí o post...como escrever isto no FB não funciona porque "estas" simpáticas criaturas não são minhas amigas e não podem ver...aqui fica o agradecimento pela atenção e pela "amizade"e as minhas desculpas.
Que me perdoem as Alices, as Celestes (da Celeste guardarei para sempre a emoção de como a alma humana pode perdoar...ela contou-me que há uns anos andei a tentar e atentar o marido dela, um gato, certamente, e, mesmo assim, ela queria ser minha amiga - além de sete vidas os gatos têm bom coração!), os Teófilos e o do pedigree, mais a Clarissa ( sobretudo que me perdoe a Clarissa!), mas não me apetece brincar com vocês...nem no Facebook nem nos telemóveis (aqui é mesmo escusado - os sms vão para o lixo sem serem lidos e, se necessário for e sempre que seja necessário, vai-se mudando de número!) , nem aqui na caixa de comentários do Estações e Caminhos (mesmo que venham da Califórnia, não dá...da Califórnia só mesmo as laranjas e os Doors!! eh pá, mas tenham calma há alturas em que é uma desgraça, estes últimos dias tem sido uma desgraça...dormir faz bem à saúde e isto não sai daqui, que raio. E tenham tento na língua...ou aprendam os nomes em americano para ser menos monótono, se não for pedir muito...) nem em nenhuma destas novas tecnologias...sou muito básica...só se me convidarem para uma partida de sueca ou de pitanga...mas com gatos não! Sou fiel ao meu Bono!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Serenamente


Quando voltares, no dia anterior já eu serei feliz. Hoje também sou porque te achei...faz tempo e foi ontem que te achei.
Feliz, apesar das saudades.
E, serenamente, espero-te. Serenamente, apesar da paixão. Ou por causa dela.

Esta canção não é mais que mais uma canção Quem dera fosse uma declaração de amor,





Nos teus olhos...tudo!

domingo, 14 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Diastanciamento ou branqueamento?

Em entrevista ao Expresso, Manuel Alegre afirma, referindo-se ao SNS, à escola pública e à segurança social: "Qualquer governo que os tente pôr em causa, mesmo que seja o PS, terá a minha oposição".
É este constante querer estar bem com Deus e com o Diabo que continua a caracterizar a postura de Alegre.
Quem o apoia, quem na esquerda o apoia, vê nestas palavras uma demarcação futura do PS, do seu Governo e das suas políticas.
Eu vejo nelas um branqueamento passado e presente do PS, do seu Governo e das suas políticas.
O PS não vai tentar pôr em causa, no futuro, o SNS, a escola pública e a Segurança Social, o PS não tem feito outra coisa, no passado e no presente, desde que Sócrates (não vale a pena ir agora mais longe) é primeiro-ministro do que pôr em causa o SNS, a escola pública e a segurança social.
Prometendo intervir no futuro, Alegre tenta justificar os silêncios do passado e as meias tintas do presente.
Para mim continua a ser demasiado pouco.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Desabafo

Devia se obrigatório por lei encontrar o Sol em todas as noites. Mesmo nas mais escuras. Tipo ontem.

sábado, 6 de novembro de 2010

Olhem eu d'acordo com o Passos Coelho...

Concordo absolutamente e, para ser mais fácil à Polícia e aos tribunais, deixo aqui os primeiros nomes (para já recuemos apenas até 1980, pois não entendo nada de leis e não sei se isto prescreve!):

Ministros das Finanças: Aníbal Cavaco Silva, João Morais Leitão, João Salgueiro, Ernâni Lopes, Miguel Cadilhe, Miguel Beleza, Jorge Braga de Macedo, Eduardo Catroga , Joaquim Pina Moura, Guilherme d'Oliveira Martins, Manuela Ferreira Leite, António José de Castro Bagão Félix, Luís Campos e Cunha, Fernando Teixeira dos Santos.


Primeiros-Ministros: Freitas do Amaral, Pinto Balsemão, Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates.

Os reincidentes como Cavaco Silva devem ser julgados e condenados duas vezes, acho eu de que...e penso que Passos Coelho concordará comigo.

Sophia


Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe,
de cinza e oiro,

O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.

Bloguices...

Se me quiser armar em boa digo que me apeteceu dar um ar de Outono ao Blog...
Se quiser ser sincera, confesso que me meti a mexer nisto, por uma boa causa - tentar meter o relógio da Greve Geral - e que escangalhei o Blog todo...
Seja como for fica assim que tenho mais que fazer!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Oferta

Oferece-se uma foto da apresentação da candidatura de Alegre, tamanho grande, emoldurada, a quem encontrar esta notícia no Esquerda .Net...ou esta!!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pode ser bonita a festa, pá!


" Comentou assim a queda de cabelo à “Piauí”: “Teve um efeito gratificante: é bom sentir a água escorrendo directo na cabeça.” Há que “procurar as coisas boas” a cada vez. “E o cabelo vai crescer, vai voltar.”"
O cabelo voltou a crescer e Dilma Rousseft, a ex-guerrilheira contra a ditadura, tornou-se a primeira mulher presidente no Brasil.
Como diz o artigo, falta-lhe em carisma o que lhe sobra em força. Mas o carisma não faz com que se resista à tortura, não vence o cancro...e, pelos vistos, também não é indispensável para vencer eleições.
Depois de um Presidente sindicalista, o Brasil elegeu ontem uma mulher. E continua a votar à Esquerda. O Brasil pode continuar a trilhar os caminhos abertos por Lula da Silva e tantas vezes desvirtuados ou mesmo traídos.. Se Dilma conseguir tirar do caminho os espinhos que muitas vezes assombraram a presidência de Lula, se conseguir aprender com o erros e ser fiel aos princípios..pode ser bonita a festa, pá!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sem titulo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sei

Rifão quotidiano

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário Henrique Leiria

domingo, 24 de outubro de 2010

Um pouco de paciência, faxavor!

‎"Contactado pelo PÚBLICO, o director de campanha de Manuel Alegre, Duarte Cordeiro, rejeita a crítica e lembra que o socialista pediu reuniões com as duas centrais sindicais. Só nessa altura, Alegre tomará uma posição pública sobre a greve geral.", Público, on line.


Ah pronto, fui muito injusta no post ali de baixo...Manuel Alegre quer primeiro tentar entender as razões dos trabalhadores, dos desempregados, dos pensionistas, dos precários, do povo português para se manifestarem contra as medidas que o Governo do seu Partido, com a conivência do PSD, propõe e aplica...


Dependendo da capacidade de Carvalho da Silva e de João Proença de lhe explicar o que é o o Orçamento, o que foram os PECs, o que serão os próximos PECs...saberemos a posição de Alegre.
Aguardemos, pois, pacientemente. Sentados.

sábado, 23 de outubro de 2010

Só falta a posição de Manuel Alegre...


Já conhecíamos a posição de Francisco Lopes quanto à Greve Geral, não precisamos de conhecer a de Cavaco para saber qual é, hoje ficámos a conhecer o apoio claro de Fernando Nobre...agora só falta mesmo ouvir a posição de Manuel Alegre.
Parabéns de aniversário e artigos da Constituição são parabéns de aniversário e artigos da Constituição. Estou a falar da Greve Geral de 24 de Novembro ...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Roubando as palavras de Eugénio de Andrade...


"Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei às romãs a cor do lume."

sábado, 16 de outubro de 2010

Cantemos Adriano com garra!

Este post foi escrito em 16 de Outubro de 2007. Foi escrito na 1ª pessoa, porque sim. Mas era sobre Adriano e sobre sonhos, e lutas, e desencanto e memória.

Três anos depois o desencanto voltou a tornar-se, de novo, menos suportável. Aprendemos a sobreviver-lhe sim, mas cada dia vivemos menos. Os novos homens de cinzento não se cruzam connosco na estação do Parque, mas tiram-nos o nosso presente e o o nosso futuro, no Terreiro do Paço.

Galiza voltou a estar com os campos ainda mais vazios. E com ela, nós estamos todos mais vazios. E mais pobres. Para além de tudo o que os donos do mundo nos tiram, a morte leva os melhores. E não fosse sermos teimosos e recusar, à morte, a vitória sobre a memória e sobre o sonho, a solidão já tinha vencido. Mas não. Ainda não.

A pouco mais de um mês da Greve Geral, cantemos Adriano, com saudade mas, sobretudo com garra. E, um dia, se a gente assim quiser, os campos de Galiza voltarão a encher-se de homens e mulheres livres.

Um dia viemos a Lisboa, a minha primeira vez em Lisboa. Não tivemos bilhete. Passamos a noite, enquanto esperávamos pelos que tinham conseguido entrar no Monumental, a descer e a subir as escadas rolantes da Estação de Metro do Parque. Devem ter cantado, bem alto, que há sempre alguém que resiste...enquanto eu crescia, pela primeira vez numa viagem só de amigos, pela primeira vez a ver a cidade, pela primeira vez a ter um gozo especial a imaginar que os homens que passavam por nós, com gestos e roupas e passos cinzentos e conhecidos de outros lugares e de outras noites, não faziam ideia que aqueles putos tinham vindo a Lisboa para "Os" ouvir....

Um dia, muitos anos depois, vi o Adriano na Festa do Avante. E aqui está o problema. A memória é o que queremos fazer dela. Eu sei que vi e ouvi o Adriano na Festa do Avante, mas não me recordo. Desse tempo a memória apagou muitas coisas. Possivelmente porque tinha voltado a haver campos de solidão. Porque os rios tinham voltado a levar tantos sonhos ou a trazer muitas mágoas. Não tinha voltado a noite, mas o Sol dos dias tinha-se tornado menos Sol. E, neste engenho de recordar, não consigo recordar a solidão que voltara e as nuvens que se vingavam, sem dor. Não me lembro, então....

Daquele tempo, o da solidão vencedora, a imagem que tenho de Adriano é a de um homem só....Os campos da Galiza voltavam a ficar vazios. E com eles, muitos de nós.O tempo acabou por tornar o desencanto suportável. Ou talvez não. Talvez apenas tenhamos aprendido a sobreviver-lhe.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Coisas que aprendi com os poetas...e contigo!

"Nada garante que tu existas
Não acredito que tu existas
Só necessito que tu existas".

David Mourão Ferreira

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Soleil

Greve Geral

A UGT juntar-se à CGTP na Greve Geral não chega para esta ter sucesso. Todos temos consciência disso, até porque sabemos a representatividade da UGT. Há que dar machadadas no medo, há que investir na mobilização, há que vencer a descrença no movimento sindical, há que obrigar os burocratas de uma e outra central a sairem dos gabinetes e a entrarem nos serviços e nas empresas. Há que vencer o desencanto. Mas ver as duas Centrais Sindicais juntas pela 1ª vez em 22 anos, é um sinal.
Que pena a Esquerda ter desperdiçado este sinal, não investindo em encontrar um candidato presidencial que pudesse corporizar e representar este descontentamento. Que os trabalhadores sentissem e soubessem que iria estar com eles nesse dia. No mesmo lado da vida e da luta. Sem rodeios. Sem estratégias, nem condicionalismos. nem vacilações. Sem sectarismos. De peito aberto e do lado certo.
Não tem nada a ver?
Ai não que não tem...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eles falam, exactamente, de quê?

"Reafirmamos que o PCP não está interessado numa crise política", afirmou Jerónimo de Souisa, à saída de Belém, onde foi chamado por Cavaco Silva, a propósito de uma suposta crise política que advirá da não aprovação do Orçamento.
"Faremos tudo para evitar uma crise política", afirmou Francisco Louçã, à saída de Belém onde foi chamado por Cavaco Silva, a propósito de uma suposta crise política que advirá da não aprovação do Orçamento.
Partindo do princípio que estabilidade política é que não tem falatado nestes últimos tempos, primeiro com a maioria absoluta do PS, depois com os PECs do PS/PSD, partindo do princípio que ou não há eleições antecipadas e ESTE PS se mantém no Governo, ou há eleições antecipadas e o PSD de Passos Coelho poderá ser Governo...estabilidade política quer dizer, para a Esquerda, exactamente o quê?
E já que as palavras são as mesmas...adivinha-se que a Esquerda esteja a pensar em, finalmente, assumir as suas responsabilidades e propôr-se como alternativa de Poder...ou adivinha-se que a Esquerda ande a ler muitas sondagens?
Ou, pior ainda, suspeita-se que a Esquerda se esquece que a estabilidade política não é garantia de estabilidade social, ou seja, em linguagem de Esquerda, se não ando com isto tudo trocado, de justiça social?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Amanhã e todos os dias, a luta é o caminho!


Podemos ter todos os pretextos e uma boa dúzia de razões para não ir.
Podemos ter todas as razões e uma boa dúzia de pretextos para estarmos cansados, desmobilizados, desencantados, fartos.
Podemos ter todas as razões para achar que é pouco, que se está a fazer a mobilização errada, que se está a esquecer lugares e gentes que tinham que ser trazidos à luta - os desempregados, por exemplo. Aqueles e aquelas, afinal, que, por já nada terem a perder, se poderiam dar ao luxo de não se deixar condicionar pelo medo, pelo medo de perder o pão, pelo medo das represálias, das perseguições nas empresas e nos serviços que já não têm.
Podemos lamentar que nem o movimento sindical nem os Partidos de Esquerda, tenham a coragem política para avançar para a proposta de transformar o dia 29 de Setembro num dia de Greve Geral e, sobretudo, a vontade política de para ela trabalhar.


Podemos pensar tudo isso. Eu penso! Mas nada justifica que se fique em casa. Por isso, amanhã a gente vê-se!

28 de Setrembro de 1974


Há 36 anos a Direita, organizou-se e tentou a 1ª investida contra o 25 de Abril. Então, a Direita não passou. Seguiu-se um tempo de todas as lutas, de todos os caminhos e de homens e mulheres livres.
Derrotar Spinola e a Direita reaccionária, trauliteira e revanchista não foi, no entanto, suficiente para que, pouco mais de um ano depois, a outra Direita, mais "civilizada", mais liberal nos costumes e nas políticas, grande parte das vezes, igualmente silenciosa nas verdadeiras intenções se tenha imposto. Até hoje.
Mas lançaram-se as sementes, durante um ano e 2 meses com erros, divisões, sectarismos, utopias, lançaram-se as sementes...com 36 anos de atraso, ainda há quem as queira e possa adubar?

domingo, 26 de setembro de 2010

No I won't be afraid Just as long as you stand, stand by me



When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only light we see
No I won't be afraid
No I won't be afraid
Just as long as you stand, stand by me

And darling, darling stand by me
Oh, now, now, stand by me
Stand by me, stand by me

If the sky that we look upon
Should tumble and fall
And the mountain should crumble to the sea
I won't cry, I won't cry
No I won't shed a tear
Just as long as you stand, stand by me

And darling, darling stand by me
Oh, stand by me
Stand by me, stand by me, stand by me

Whenever you're in trouble won't you stand by me
Oh, now, now, stand by me
Oh, stand by me, stand by me, stand by me

Darling, darling stand by me
Stand by me
Oh stand by me, stand by me, stand by me

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Se o Outono é assim...

ou assim...

.

..cheio de amarelo, de vermelho, de cor...e lindo de morrer...então chegou hoje sim.

Porque hoje é hoje

"Se eu nunca disse que os teus dentes

São pérolas

É porque são dentes.

Se eu nunca disse que os teus lábios

São corais,

É porque são lábios.

Se eu nunca disse que os teus olhos

São d’ónix, ou esmeralda, ou safira,

É porque são olhos.

Pérolas e ónix e corais são coisas,

E coisas não sublimam coisas.

Eu, se algum dia com lugares-comuns

Houvesse de louvar-te,

Decerto que buscava na poesia,

Na paisagem, na música,

Imagens transcendentes

Dos olhos e dos lábios e dos dentes.

Mas crê, sinceramente crê,

Que todas as metáforas são pouco

Para dizer o que eu vejo.

E vejo lábios, olhos, dentes."

Reinaldo Ferreira,

domingo, 19 de setembro de 2010

...e assim!

sábado, 18 de setembro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Isabel Ricarda Araújo Alçada Pereira - Sketch 1

Não resisti e roubei ao It's always Jalalabad.
Ainda tentei encontrar alguma coisa com humor para dizer...mas sem sucesso. Ninguém bate os Gatos Fedorentos!!


domingo, 12 de setembro de 2010

Claude Chabrol - 1930-2010


A nossa memória tem coisas...creio que vi todos os filmes de Chabrol.
O que me vem sempre à memória não é, no entanto, um filme. É uma história duma série de televisão que se chamava Histoires Insolites.
Não sei com quem era, onde era. Sei pouco. Lembro-me que se tratava de um casal de reformad
os de Paris, que ia passar férias a uma estãncia balnear no Sul de França, ao pé do mar, durante o Verão.
E que, terminadas as férias, porque nada tinham que os ligasse a Paris, resolviam ficar.
E depois...depois era um murro no estomago sobre a solidão e o abandono. Sobre aquilo de que as pessoas normais podem fazer, se podem tornar, sobre a forma como se não aceita o estranho, o intruso e não se ousa fugir à regra.
Nem sequer sei se alguma vez vi esta história ou se a inventei...sei lá. Penso que não teria nem arte nem engenho para tanto.

Claude Chabrol partiu hoje. Truffaut deve esperá-lo e encherão a sala do Palácio Foz lá do lugar, tal como faziam nos finais de 70 e inícios de 80, ali nos Restauradores.

Um dia qualquer, é assim a lei da vida, Godard, juntar-se-lhes-á. Esperam-nos, pois a todos, umas noites bem passadas.
Procurando o elevador da Glória lá do lugar, o Palácio Foz fica mesmo ao lado. Nada a enganar.

Sobre o meu pecado de ser "pura" (com aspas, obviamente) há 30 e tal anos....


Alegre fez ontem o seu 1º comício no CCB.
Alegre fez um discurso para a Esquerda e que poderia ter sido de Esquerda. Para ser um discurso de Esquerda faltou a Alegre apontar os responsáveis. Os responsáveis dos jovens sem trabalho e sem futuro. Os responsáveis dos ataques a quem perdeu o emprego, a esperança e o pão. Os reponsáveis dos ataques aos direitos dos trabalhadores e ao trabalho com direitos. Os responsáveis pelos ataques à Escola, à Saúde Públicas e ao Estado Social. Os responsávies pelo futuro há três décadas adiado de Portugal e dos portugueses.
Mas, se Alegre tivesse apresentado os responsáveis, não poderia ter tirado a foto que encima este post. E Alegre, obviamente, omitiu-os. Afinal, grande parte dos responsáveis estão com ele. E ele, na maior parte destas três décadas, esteve com eles.

No Adeus Lenine, Francisco da Silva exulta perante o discurso do seu candidato. Está no seu direito, obviamente.
A Francisco Silva, que creio não conhecer, queria aproveitar este pequeno post, para falar dos "puros". Sim, porque nas suas palavras eu sou dos "puros" e serei, espero sinceramente que sim, se os erros do Bloco, os erros de Alegre a a colagem deste a Sócrates o premitirem, serei, dizia eu, na 2ª volta, dos oportunistas.
Ou melhor vou falar numa "pura", obviamente que com aspas, segundo o, presumo, meu camarada de Partido.

A minha história das Presidenciais:
Em 1976, ainda não votava. Fiz campanha por Otelo, entreguei-me, acreditei que era e, efectivamente aí foi-o, um "mata-mata" Esquerda/Direita. A Esquerda perdeu.
Se tivesse idade e tivesse havido uma 2ª volta, entre Eanes e Pinheiro de Azevedo ou Octávio Pato, sei que só seria oportunista se Pato (apesar da campanha vergonhosa que Pato e o PCP fizeram contra Otelo), tivesse passado à 2ª volta. De outra forma não iria lá. Teria sido, em 1976, pois "pura", mas não oportunista.

Em 1980, já votava e continuei "pura". Votei Otelo na 1ª volta. Não houve 2ª. e não pude, assim, iniciar-me no oportunismo.

Em 1986, fiz entusiasticamente campanha por Maria de Lurdes Pintassilgo e votei nela na 1ª volta. Em 1986 fui, pela 1ª vez, então, oportunista. Votei, na 2ª volta, Soares contra Freitas do Amaral.

Em 1991, lá fui eu outra vez "pura". Lá votei em Carlos Marques, eu que nem nunca fui da UDP...não houve 2ª volta. Mas, a ter havido, lá seria eu oportunista mais uma vez, e votaria Soares contra Basílio Horta. Começava a ser hábito o oportunismo, que coisa...

Em 1996, votei Sampaio contra Cavaco. Acho que aqui ou houve uma catrefa de "puros" ou os "puros" já não foram o que eram. Mas, pronto, digamos que nesse ano me safei de cometer esses dois pecados mortais de que fala o Francisco.

Em 2001, fui "pura" mais uma vez: votei Fernando Rosas. Não houve 2ª volta ou lá era eu, mais uma vez, oportunista. Teria votado Sampaio contra Cavaco, apesar de, repito, na 1ª volta ter pecado.

E chega-se a 2006. Pois, em 2006 pequei de novo. Fui "pura" mesmo. Sem apelo nem agravo. Fiz campanha por Francisco Louçã e votei em Louçã. Não houve 2ª volta, dizia, na altura, Manuel Alegre, por causa dos "puros". Na volta, ainda vou ter que pedir desculpa a Alegre por ter sido "pura" em 2006...
Teria sido oportunista mais uma vez e teria votado Alegre contra Cavaco. Mais, creio eu, os 5% de companheiros que foram tão "puros" como eu na 1ª volta, atrevo-me a especular. Aliás, até digo mais: se Soares tivesse passado à 2ª volta, também me teria deixado vencer pelo oportunismo.

Resta-me, pois, reconhecer que hoje ou sou cavaquiata ou estou louca. E continuar "pura" durante mais uns tempos...não arregaçando as mangas!
Ah, quanto a não ser oportunista, não prometo nada...eu conheço os meus inimigos. A única coisa que lamento é que haja quem se tenha tornado tão pouco exigente a escolher os amigos.
Mas, enfim, é a vida.

(Nota sobre a foto: Sinto um enorme desconforto. Há, naquela foto, alguem de quem gosto e a quem respeito muito e dela fica-me uma enorme sensação de derrota. Mas não é minha...e isso só agrava as coisas.).

Adenda: O Francisco que me desculpe ter dito que não o conhecia. Bastava uma passagem rápida pelo Facebook e um pequeno esforço de memória...).

Baby slow down

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Aprendi a amar a madrugada que desponta em mim quando sorris.

Quando somos princesas


Quando um jantar, mesmo que mal servido, pára o tempo, nos faz princesas num reino de encantar...tudo volta, de novo, a fazer sentido.

Falando de sentimentos


Parece que são hoje tornados públicos os relatórios do processo Casa Pia.
Momento indicado, antes de os conehcer, pois, para escrever estas linhas.

A pedofilia é um crime abjecto. A pedofilia é um daqueles crimes em que quem o pratica sai do reino dos homens para entrar no reino dos monstros. Repugna-me este crime, em concreto, da mesma forma que me repugna qualquer outro crime de pedofilia. Isto é, trata-se de crianças pobres e abandonadas agredidas, violentadas, violadas por homens ricos e com vidas estáveis. Mas se se tratasse de crianças ricas e de vidas estáveis violadas por homens pobres e abandonados, sentiria a mesma repulsa perante o crime. Uma criança é sempre uma criança. Um assassino é sempre um assassino.

E a pedofilia é um assassinato. Mata-se a confiança, mata-se a capacidade de entrega, mata-se a disponibilidade para o amor, matam-se os sonhos. E mata-se tudo isto numa criança ou num adolescente. Mata-se, assim, o início do caminho e, assim, mudam-se-lhe todas as regras, todos os encantos e todas as descobertas.

No dia em que o meu filho nasceu, senti que seria capaz de tomar a justiça nas minhas própias mãos. Isto é, senti que se alguém, algum dia, lhe fizesse mal, lhe fizesse mal deliberadamente, eu seria capaz de tudo. E tudo, senti então e sinto hoje, é mesmo tudo.

Não sei se foi feita justiça no caso Casa Pia. Mesmo tendo sido, e espero sinceramente que sim, porque como não consigo imaginar, sequer, a dor que deve sentir a vitima de um crime de pedofilia, também não consigo imaginar a dor que deve sentir, se alguem houver que seja, injustamente, acusado de um crime de pedofilia.

Como escrevi no dia em que foi lida a sentença e mantenho, justiça pode e espero que tenha sido feita, a Justiça não funcionou, neste como em tantos outros casos. E a Justiça é condição sine qua non da Democracia. Esperar 8 anos pel justiça, não é, para vitimas ou culpados, Justiça.

O que falta dizer? As palavras sobre o Carlos Cruz. O Carlos Cruz começou a entrar na minha casa quando eu tinha 10 anos. Entrava com o Zip Zip, Entrava com o Solnado e com o Fialho Gouveia. Trouxe a minha casa amigos. Deu-me a conhecer amigos. Tantos amigos ele me trouxe...
Depois entrou com a Cornélia. E voltou a trazer-me amigos. Amigos que me fizeram, como só os verdadeiros amigos nos fazem.

Tinhamos a televisão em cima do armáriozito que tinha sido da minha avó, e sentavamo-nos à volta da mesa da camilha grená. No Inverno, acendia-se a braseira. A maioria das vezes, recebiamos os amigos que o Carlos Cruz nos trazia só eu e a minha mãe. Outras, recebiamo-los com o meu pai. Às vezes, acontecia que a casa enchia. Calhava em dia de aniversário e vinham as primas, os tios, os avós. Todos nós e os amigos que nos entravam pela televisão, era, mesmo, uma casa cheia. E era uma festa.

Mais tarde houve o Pão com Manteiga. Aí não precisavamos de estar todos à volta da mesa da camilha grená. Nem sei se ainda havia camilha. Mas Carlos Cruz continuava a entrar na minha vida. Digamos que deve ter sido das pessoas que nela entrou durante mais tempo. Desde 1969, vi agora que foi o ano do Zip Zip. Tinha dez anos. A idade dos meninos da Casa Pia, mais coisa menos coisa.

Por isso o sentimento em relação a Carlos Cruz é bem mais complicado do que em relação a qualquer um dos outros acusados ou culpados. E estou, repito, a falar de sentimento. A razão não entra aqui. E não me culpo nada por isso.

Se Carlos Cruz, enquanto entrava em minha casa e eu o recebia como amigo, paraticava aqueles crimes contra os meninos que deviam brincar como eu brincava, não consigo sentir (repito, estou a falar de sentimentos e não de razão), o crime de Carlos Cruz, apenas, como um crime monstruoso contra aqueles meninos, sinto-o também contra um crime enorme contra a minha confiança, contra a memória de nós os três sentados à volta da camilha. Sinto-o também como uma traição à minha confiança. Não lhe perdoo ter entrado pela minha porta adentro, recebendo-o eu, como amigo.

Se Carlos Cruz (e repito porque se trata de sentimentos, aqui é apenas de Carlos Cruz que falo), é vítima inocente de uma Justiça coxa, ah, aí perdoem-me todos mas não perdôo a quem, o condenou. Porque a justiça tem que ser justa? Obviamente. mas porque a justiça está a condenar injustamente um amigo meu, também.

E há o agora. E aí volta a falar o sentir. Se Carlos Cruz, o "amigo" que me trouxe tantos amigos, usa o seu poder para mais uma vez abusar da nossa confiança, traí-la, Carlos Cruz está a dar a machadada final na minha memória dele e seria capaz de lhe cuspir em cima se com ele me cruzasse.

Se Carlos Cruz está, apenas, a usar o seu poder, para tentar lutar pela sua inocência, porque é inocente de um crime mosntruoso pelo qual o condenam, tem toda a minha compreensão, solidariedade e...amizade.

É detestável falar em Carlos Cruz, parecendo esquecer as vitimas? Estão enganados, em nenhum momento as esqueço. Em todos os momentos sinto que podiam ser o meu filho. Cada um e todos eles. Desde o dia em que ele nasceu, que eu sinto, que se alguém lhe fizesse, delinberadamente, mal eu seria capaz de fazer tudo. E tudo é, mesmo, tudo! Sinto-as (e continua a falar de sentimentos e não de razão), pois, assim

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vida


Desculpem-me qualquer coisinha, mas eu quero mesmo é um mundo assim.

domingo, 5 de setembro de 2010

Ainda a Convenção Extraordinária

Alguns subscritores da Convenção Extraordinária do Bloco de Esquerda, receberam na Quinta-Feira passada uma resposta do Secretariado do Partido.
No Blog da Convenção está publicada essa resposta, bem como um documento meu com perguntas que espero ver respondidas.
Aqui irei deixando os links se mais perguntas, análises, desabafos de militantes do Bloco se forem chegando.
Com a convicção que quando o Bloco trata o candidato de Sócrates como aliado na luta contra o neo-liberalismo e usa o seu poder para tratar os camaradas de Partido como adversários ou inimigos, mentirosos, fraudulentos e mentecaptos, esconder divergências por baixo da mesa deixa de fazer qualquer sentido.
Mesmo que custe.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Oito anos

Com uma mistura algo baralhada de sentimentos que não me apetece nada partilhar, apenas me apraz dizer que, se hoje se fez justiça, fez-se justiça na confirmação pública da certidão de óbito da Justiça em Portugal.
Se não se fez também.

Juntando(-nos) lugares...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sem titulo

"Discuto esta noite apenas o pudor de preferir-te entre as coisas vivas."
Joaquim Pessoa

sábado, 28 de agosto de 2010

As minhas certezas

"Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo."

Joaquim Pessoa

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A vitória dos umbigos

Com a candidatura de Francisco Lopes, o PCP não demonstra, apenas, que continua cada vez mais igual a si próprio: conservador, corporativo, fechado em si próprio, sem rasgo nem ousadia.
O PCP demonstra também uma enorme falta de discernimento. Aquela falta de discernimento que, às vezes, se acentua com a idade. Mas isso é nos homens. Nas organizações, a experiência deveria servir de antidoto. No PCP não serve.

Depois da abdicação do Bloco em ser alternativa e apresentar alternativas, da sua colagem acritica e suicida a Alegre, depois de Alegre ter visto definitivamente derrotada qualquer veleidade de se apresentar como uma candidatura que pudesse servir para aglutinar e representar a Esquerda, com o apoio de Sócrates e as cedências e os silêncios para obter esse apoio; depois do desperdiçar de esperança e de empenhos que Nobre poderia ter significado, com as suas hesitações, o seu patriotismo exacerbado e conservador, os seus apelos a unidades nacionais sem sentido e sem princípios, os apoiantes que permitiu que o rodeassem, o PCP poderia ter ousado apresentar um candidatura que, para alguns, poderia ser o sapo que se engolia, não com convicção, mas como mal menor.

Conservador, medroso, velho, o PCP preferiu o seu umbigo.
Um umbigo cada vez mais enrugado.

Alguns respirarão, seguramente, de alívio. O umbigo é mesmo o grande vencedor destas presidenciais.