segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sem titulo

"Discuto esta noite apenas o pudor de preferir-te entre as coisas vivas."
Joaquim Pessoa

sábado, 28 de agosto de 2010

As minhas certezas

"Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo."

Joaquim Pessoa

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A vitória dos umbigos

Com a candidatura de Francisco Lopes, o PCP não demonstra, apenas, que continua cada vez mais igual a si próprio: conservador, corporativo, fechado em si próprio, sem rasgo nem ousadia.
O PCP demonstra também uma enorme falta de discernimento. Aquela falta de discernimento que, às vezes, se acentua com a idade. Mas isso é nos homens. Nas organizações, a experiência deveria servir de antidoto. No PCP não serve.

Depois da abdicação do Bloco em ser alternativa e apresentar alternativas, da sua colagem acritica e suicida a Alegre, depois de Alegre ter visto definitivamente derrotada qualquer veleidade de se apresentar como uma candidatura que pudesse servir para aglutinar e representar a Esquerda, com o apoio de Sócrates e as cedências e os silêncios para obter esse apoio; depois do desperdiçar de esperança e de empenhos que Nobre poderia ter significado, com as suas hesitações, o seu patriotismo exacerbado e conservador, os seus apelos a unidades nacionais sem sentido e sem princípios, os apoiantes que permitiu que o rodeassem, o PCP poderia ter ousado apresentar um candidatura que, para alguns, poderia ser o sapo que se engolia, não com convicção, mas como mal menor.

Conservador, medroso, velho, o PCP preferiu o seu umbigo.
Um umbigo cada vez mais enrugado.

Alguns respirarão, seguramente, de alívio. O umbigo é mesmo o grande vencedor destas presidenciais.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Contagem decrescente


Se desistiram de sonhar...calem-se!

Chamem-me ou acusem-me de irresponsável ou inconsciente. Digam que não é sério. Que faz o jogo de não sei quem, ou de todos, se preferirem.
Digam que temos responsabilidades e que, por isso, temos que ser...responsáveis. Que ser
pragmáticos. Que fazer cedências e, até, porque não, partilhar palanques...
Digam-me que não é tempo de ser utópico ou idealista.

Eu dir-vos-ei, que, antes de ser qualquer outra coisa, sou uma mulher de Esquerda. Que é a única condição que sei, em mim, será perene.
E que lamento, mas lamento mesmo, lamentar políticamente, mas também emocionalmente, que 36 anos depois de Abril não haja alguém que proclame "O sonho ao Poder". E que isso pareça incomodar tão pouca gente...

Chamem-me ou acusem-me do que quiserem, nada do que possam dizer, garanto-vos, se compara ao reconhecimento da minha própria impotência. E da nossa impotência colectiva.
E, por uns momentos, deixam-me voltar aos tempos em que não nos envergonhavamos de sonhar.


domingo, 22 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Presidenciais: estas escolhas não são escolha

Quando primeiro-ministro, Cavaco Silva foi o grande promotor da voragem neo-liberal que se apoderou do país nas décadas seguintes. Hoje, Cavaco não seria Cavaco se tivesse levantado alguma objecção às privatizações de Sócrates, ao código patronal de Vieira da Silva, aos vencimentos milionários de "boys" do PS ou do PSD, às prescrições e absolvições massivas de crimes de colarinho. Para além de arrufos passageiros, Cavaco tem sido um pilar da governação do PS. Ao pragmatismo da colaboração com Sócrates, ele junta as convicções ultramontanas de sempre: o rancor que guardou durante vinte anos contra Saramago e a indulgência distraída que dispensou ao projectado revisionismo constitucional do PSD simbolizam e resumem o seu primeiro mandato. Cavaco Silva é o presidente de todas as direitas e de todos os patrões.

Contra a renovação do mandato presidencial cavaquista, seria necessária uma alternativa que condenasse liminarmente a coabitação cúmplice Sócrates-Cavaco e que pusesse em causa pontos essenciais que esse conluio promoveu: o PEC, os OE, a permanência de tropas portuguesas no Afeganistão. Mas Manuel Alegre tem deixado claro que não será essa alternativa e que apoia o governo nestes e noutros pontos decisivos. Ao criticar Cavaco pelo carácter supostamente "conflitual" das suas intervenções, Alegre sinaliza também que pretende exercer uma presidência ainda mais alinhada com o governo.

A orientação de Manuel Alegre não surpreende da parte de alguém que durante décadas apoiou as políticas mais gravosas dos vários governos PS. Ultimamente, ele ausentou-se do hemiciclo em votações que não lhe convinham ou manifestou oposição, nomeadamente ao Código do Trabalho, quando o seu voto não fazia falta para garantir a maioria. A pré-campanha de Manuel Alegre tem-se distinguido por uma mescla de características retrógradas da política portuguesa: a demagogia nacionalista, a nostalgia colonial, a exaltação da disciplina militar, a subserviência aos governos - tudo envolvido em pose marialva e declamado num tom solene e pomposo.

A campanha de Fernando Nobre correu a imitar este registo, tentando ser mais papista que o papa e disputando a Manuel Alegre a palma em matéria de grandiloquência chauvinista, como cabalmente se ilustrou no episódio da proposta para trasladar de Angola os restos mortais de militares portugueses aí sepultados.

A miséria da política portuguesa não é uma consequência inevitável da crise social que se abate sobre a classe trabalhadora. Os países pequenos não estão condenados a sofrer passivamente os efeitos de uma crise capitalista global. Não o está a Grécia, com as seis greves gerais que já fez este ano, e não o está Portugal, com as imponentes manifestações de professores que mandaram para casa a ministra Maria de Lurdes Rodrigues, ou as convocadas posteriormente pela CGTP, com dimensão só comparável aos tempos da revolução.

A luta social que tem sacudido o país merecia um leque de escolhas melhor do que este. Mas o BE enfraqueceu a sua posição de combate ao governo Sócrates quando se precipitou a apoiar um candidato que agora se desdobra em louvores a esse mesmo governo. O PCP, por seu lado, anunciou que lançaria uma candidatura própria, mas a experiência histórica, de várias candidaturas apresentadas e retiradas à boca das urnas, aconselha a encarar com prudência esse compromisso público.

As pessoas que subscrevem a presente declaração não se encontram animadas por um espírito iconoclasta, de fazer fogo em todas as direcções. Constatamos, sim, a existência de um panorama político que nega as aspirações socialistas de 1975 e os melhores momentos das mobilizações de rua dos últimos anos. E reafirmamos a necessidade de ir além do actual leque de escolhas, ou falsas escolhas, se se quiser que a realidade da luta encontre, também nestas eleições e depois delas, uma expressão política.

Assinam:

Adérito Domingues (Marinha Grande); André Pestana (Lisboa); António Louçã (Lisboa); Carlos Patrão (Lisboa); Elsa Sertório (Lisboa); Francisco Furtado (Lisboa) ; Gil Garcia (Lisboa); Isabel Faria (Lisboa); João Almeida (Ovar); João Delgado (Braga); João Pascoal (Lisboa); João Varela Gomes (Lisboa); José Moreira (Faro); Ramiro Morgado (Lisboa); Teresa Alpuim (Lisboa)

domingo, 15 de agosto de 2010

Curiosidades de fim-de-semana

O que é que Manuel Alegre, que foi candidato presidencial contra o candidato presidencial do seu Partido, antes de ser agora o candidato presidencial do seu Partido, irá dizer sobre a proposta de expulsão de mais de uma centena de militantes do seu Partido, que foram candidatos a órgãos autárquicos contra os candidatos do seu Partido?
E quando dirá?

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A nossa casa


A nossa casa. A nossa casa tem defeitos, mas é a nossa casa. Até ser a nossa casa, a humidade na cozinha, o barulho das canalizações, a pintura da entrada a cair, até o telhado a vir parar em cima da nossa cabeça, num Inverno mais rigoroso, põe-nos mal-dispostos, preocupa-nos, obriga-nos a gastar tempo e dinheiro...mas não retira o aconchego do nosso sofá, o encanto do bocadinho ao pé da janela, o buraquinho que o nosso corpo cansado, ou cheio de paixão, fez no colchão. E que nos ampara a queda quando voltamos de sonhar.

Podemos conhecer outras casas, encontrar casas sem humidade, sem barulhos nos canos, casas que parecem sempre acabadinhas de pintar...mas não têm o canto da janela nem o buraco dos sonhos no colchão.
E sentimo-nos estranhos. E são casas estranhas. Podemos entrar nelas, mas elas não entram em nós.

Acho que acontece o mesmo com todas as outras nossas coisas. O nosso Partido, a nossa cidade...nisto de lugares a que pertencemos e que nos pertencem, não me parece que entre aquela história da galinha da vizinha ser melhor que a minha...


Depois, um dia, chegamos a casa, a janela está lá, mas puseram uma parede à frente, do outro lado da rua, que nos tapa a vista e nos tira o ar e já não há o cantinho encantado.
Mas ainda temos o sofá e o buraquinho dos sonhos...

Tempos depois, parte-se um pé e temos que mudar de sofá.
Mas ainda há o buraco dos sonhos...

Até que um dia, à socapa, tipo ao meio da manhã, depois de se ter saído para o trabalho, mudam-nos o colchão..às vezes não é à socapa, é às claras mesmo...mas o resultado é o mesmo.
Ficamos sem buraco que nos ampare o corpo e a alma, quando somos forçados a voltar...e deixa de ser a nossa casa.


Até podemos lá continuar mais uns tempos, até pode demorar a sair de nós, mas sai. Sai, a grande maioria das vezes, antes de nós sairmos definitivamente dela.

Há uns anos, o Zé Mário Branco, quando saiu do Bloco de Esquerda, dizia que nunca saiu dos Partidos, os Partidos é que foram saindo dele.
Penso que percebo exactamente o que ele queria dizer. Porque acho que os Partidos são parecidos com as casas. E com as cidades. Se bem que não me lembre agora de ninguém que tenha falado sobre as cidades.

My baby just cares for me

domingo, 8 de agosto de 2010

E mais tempo ainda, se puder ser...

How long will I love you
As long as there are stars above you
And longer if I can

How long will I need you
As long as the seasons need to
Follow their plan

How long will I be with you
AS long as the sea is bound to
wash upon the sand

How long will I want you
As long as you want me to
And longer by far

How long will I hold you
As long as your father told you
As long as you are

How long will I give to you
As long as I live through you
However long you say

How long will I love you
As long as stars are above you
And longer if I may

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Confirnação

O tempo não se mede aos palmos!!

domingo, 1 de agosto de 2010