quarta-feira, 13 de junho de 2012

A quatro dias de mudar a Esquerda? Ou a vida?

 A poucos dias das eleições gregas, apenas umas notas:

1- Possivelmente uma vitória do Syriza, no proximo Domingo, não será a derrota do capitalismo. Sequer a do neo-liberalismo. Tãpouco será se...guro que consiga, até pelas reações dos opressoras e dos ocupantes que irá desencadear, derrotar as políticas de austeridade da Troika na Grécia.

2- Possivelmente uma vitória do Syriza será, apenas (?), uma (a) vitória da democracia. Mas só quem tiver memória muito curta ou for defensor do quanto pior melhor, ousará afirmar que uma derrota ou uma vitória da Democracia, é, neste momento (ou em qualquer outro?), um pormenor menor e menos importante no caminho para uma sociedade mais justa ou, apenas, para a sobrevivência.


3 - Um Governo do Syriza, eleito no próximo Domingo permitirá, a todos nós, militantes de Esquerda que há décadas (há séculos!) ensaiamos caminhos, mostrar se é, efectivamente possível, neste estádio do capitalismo, a construção de uma alternativa económica, política e social, pela via institucional, que muitos de nós nunca acreditámos, ou confirmar se, esses muitos de nós continuam a estar certos e, tal como a história provou no século passado, no sec. XXI a derrota do capitalismo, continua a ser, apenas, possivel, pelo caminho da Revolução, resultante do confronto directo entre classes antagónicas.


4 - Depois de uma vitória do Syrisa no próximo Domingo, o capitalismo poderá ficar igual, os arautos da austeridade poderão encontrar e afiar as suas armas de destruição e de repressão, não está assegurada uma vitoria dos trabalhadores contra o capital. Mas a Esquerda e a Democracia sairão, nem que seja, apenas, a curto prazo, vencedores do confronto. Na Grécia e na Europa. 

Está a Esquerda, estão os trabalhadores, estão os desempregados e os, vamos lá, por momentos voltar às nossas origens comuns, "famélicos da terra", em condições de desperdiçar esta vitória? Esta oportunidade?
Desperdiçá-la será irresponsabilidade, coeerência, falta de visão, desistênia ou crime?

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Por um País liberto, uma vida limpa e um tempo novo!

"Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos

Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto

De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo "


Sophia de Mello Breyner

Ou de quando do 10 de Junho, surge um noável e estimulante discurso