segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Os Estatutos do Homem - Thiago de Mello
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.
Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.
Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.
Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Sobre deuses e afins
Não sou melhor que ninguém, pode até ser incapacidade genética ou cultural, mas, sinceramente, aos 50 anos, deuses na terra ou no céu, só mesmo um bom copo de vinho, numa boa companhia, com uma boa conversa a preparar um luta justa. Pessoal ou colectiva. Branco ou tinto.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Sem titulo
Que a Esquerda tem o dever de ser politica, mas também eticamente, séria, por exemplo.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
E trazer a luta para fora de S. Bento, não?
E os desempregados, e os precários, e os trabalhadores sem direitos, e os pobres, ganharam o quê com a Moção de censura que não vai derrubar Sócrates?
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Pode-se estar senil aos 12 anos?
Não me importo nada de ir buscar as palavras do Daniel Oliveira, ontem na Sic Notícias, nem me incomoda as gracinhas do Luís Delgado sobre elas para deixar claro o que penso sobre a Moção de censura anunciada pelo BE. Nunca deixei de dizer o que penso com receio que os meus companheiros não me entendam ou que os meus inimigos ou os meus adversários me aplaudam. Tenho a certeza que os últimos acabarão por se arrepender dos aplausos... Parafraseando pois o Daniel Oliveira, uma Moção de censura para não ser aprovada é um balão de oxigénio para Sócrates. E essa não é a minha guerra. Tal como nas presidenciais a minha luta é para derrotar Sócrates e a Direita. E é uma luta leal. Nada tenho a perder. Tenho tudo a ganhar se for vitoriosa. Cada vez me convenço mais que o que alguns têm a perder condiciona os comportamentos e dificulta o discernimento...mas isso fica para outra altura. Aqui fica o texto que ontem deixei no FB sobre o que penso do assunto . Com uma nota final: o Bloco passa, no meu entender, pelo momento mais complicado, mais incoerente, mais desnorteado e mais longínquo do que foi a sua génese e os seus compromissos, da sua história. E receio que, cada dia que passa, tenha menos tempo e menos hipótese de arrepiar caminho. Além de menos vontade de quem se considera dono do Partido e da sua história.
"Muitas vezes critico a forma como uma greve se faz. mas faço greve. Por convicção. Outras tantas critico o timing de uma manifestação de trabalhadores, mas estou lá. Por convicção. Posso discordar de como foi apresentada, discutida, do momento, da forma, uma Moção de censura a um Governo de Direita, mas apoio-a. Por coerência.
Não vou a uma manifestação na esperança que não tenha muita gente. Não faço uma greve convencida que não belisca. Não apoio uma Moção de censura na esperança que não derrube um Governo.
A política espectáculo, o oportunismo, os jogos de bastidores, o sectarismo, as tibiezas, o vale tudo, o eleitoralismo puro e duro, a prepotência, o seguidismo bolorento e acrítico, não são a minha guerra.
Não só não apoio a forma como o Bloco de esquerda apresentou esta Moção, como me sinto envergonhada com estes jogos.
Não se trata de tiros nos pés. Trata-se de falta de ética."