Chamem-me ou acusem-me de irresponsável ou inconsciente. Digam que não é sério. Que faz o jogo de não sei quem, ou de todos, se preferirem. Digam que temos responsabilidades e que, por isso, temos que ser...responsáveis. Que ser pragmáticos. Que fazer cedências e, até, porque não, partilhar palanques... Digam-me que não é tempo de ser utópico ou idealista.
Eu dir-vos-ei, que, antes de ser qualquer outra coisa, sou uma mulher de Esquerda. Que é a única condição que sei, em mim, será perene. E que lamento, mas lamento mesmo, lamentar políticamente, mas também emocionalmente, que 36 anos depois de Abril não haja alguém que proclame "O sonho ao Poder". E que isso pareça incomodar tão pouca gente...
Chamem-me ou acusem-me do que quiserem, nada do que possam dizer, garanto-vos, se compara ao reconhecimento da minha própria impotência. E da nossa impotência colectiva. E, por uns momentos, deixam-me voltar aos tempos em que não nos envergonhavamos de sonhar.