segunda-feira, 31 de maio de 2010

VÃO-SE EMBORA



Passageiros entre palavras fugazes:
carreguem os vossos nomes e vão-se embora,
Cancelem as vossas horas do nosso tempo e vão-se embora,
Levem o que quiserem do azul do mar
E da areia da memória,
Tirem todas as fotos que vos apetecer para saberem
O que nunca saberão:
Como as pedras da nossa terra
Constroem o tecto do céu.

Passageiros entre palavras fugazes:
Vocês têm espadas, nós o sangue,
Têm o aço e o fogo, nós a carne,
Têm outro tanque, nós as pedras,
Têm gases lacrimogéneos, nós a chuva,
Mas o céu e o ar
São os mesmos para todos.
Levem uma porção do nosso sangue e vão-se embora,
Entrem na festa, jantem e dancem…
Depois vão-se embora
Para nós cuidarmos das rosas dos mártires
E vivermos como queremos.

Passageiros entre palavras fugazes:
Como poeira amarga, passem por onde quiserem, mas
Não passem entre nós como insectos voadores
Porque temos guardada a colheita da nossa terra.
Temos trigo que semeámos e regámos com o orvalho dos nossos corpos
E temos aqui o que não vos agrada:
Pedras e pudor.
Se quiserem, levem o passado ao mercado de antiguidades
E devolvam o esqueleto à poupa
Numa travessa de porcelana.
Temos o que não vos agrada: o futuro
E o que semeamos na nossa terra.

Passageiros entre palavras fugazes:
Amontoem as vossas fantasias numa sepultura abandonada e vão-se embora,
Devolvam os ponteiros do tempo à lei do bezerro de ouro
Ou ao horário musical do revólver
Porque aqui temos o que não vos agrada. Vão-se embora.
E temos o que não vos pertence:
Uma pátria e um povo exangue,
Um país útil para o olvido e para a memória.

Passageiros entre palavras fugazes:
É hora de vocês se irem embora.
Fiquem onde quiserem, mas não entre nós.
É hora de se irem embora
Para morrerem onde quiserem, mas não entre nós
Porque nós temos trabalho na nossa terra
E aqui temos o passado,
A voz inicial da vida,
E temos o presente e o futuro,
Aqui temos esta vida e a outra.
Vão-se embora da nossa terra,
Da nossa terra, do nosso mar,
Do nosso trigo, do nosso sal, das nossas feridas,
De tudo… vão-se embora
Das recordações da memória,
Passageiros entre palavras fugazes.

Mahmud Darwish

domingo, 30 de maio de 2010

Alegre soma e segue...

...depois do apoio da Direcção do Bloco de Esquerda e do PDA, Manuel Alegre recebeu esta tarde o apoio do PS e de Sócrates!!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Curiosidade



A três dias da manifestação nacional contra o PEC 1, o PEC 2, o 3 e os outros que se seguirão, já alguém ouviu a opinião de algum destes senhores sobre a dita? Não seria suposto terem uma opiniãozita? E manifestá-la?

High hopes!!!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010

Declaração



Tirando a parte do Papa e de Fátima, do Sócrates, do Passos Coelho e do PEC...Maio continua a ser Maio!!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Não é possível levar o dia 29 de Maio, para dentro da AR, porquê?

Na ideia que tenho sobre o que seria possível fazer para derrotar Sócrates e criar uma alternativa de Esquerda em Portugal, esta decisão deveria ser tomada em conjunto pelo PCP e pelo Bloco.
Não, não é o Bloco votar favoravelmente, como seguramente fará. É haver coragem política para, salvaguardando as diferenças políticas, ideológicas, estratégicas, conseguir colocar a luta contra a precariedade, a luta contra os ataques diários aos direitos dos trabalhadores e à dignidade do trabalho, a luta contra o desemprego e por uma maior justiça social, à frente de sectarismos estéreis e de preconceitos suicidas.

Na ideia que tenho sobre como seria possível derrotar Sócrates, teríamos a coragem política de levar para o Parlamento o dia 29 de Maio.

Na ideia que tenho de que passos a Esquerda poderia dar na luta contra o neo-liberalismo, nunca hei-de entender, apesar de conhecer muito bem a história, porque não se ousam tentar dar passos destes em Portugal.

O próximo passo!!


O Alegre do meu contentamento...


Tenho que seguir os bons exemplos e falar todos os dias no Alegre...o Blog andava com uma média de 25 visitas por dia (imensaaaassss, como devem concordar!) e, hoje, ainda vamos a meio da tarde e já chegou às 52!! Só tenho uma dúvida: se ele não disser nada de novo, como costuma fazer, será que se puser só a foto resulta? Tipo esta...

domingo, 16 de maio de 2010

Entender o PEC2 é a Esquerda Necessária?

Este é o Alegre da Esquerda possível.

O Esquerda.Net pode até escolher como titulo a única frase em que se poderia ver uma critica ao PEC2...o problema é que não pode apagar as outras: "Ninguém gosta de medidas que vão penalizar os portugueses como o imposto sobre o trabalho e sobre o consumo e a redução de algumas prestações sociais como o subsídio de desemprego. O problema está em saber se havia alternativa".

O Esquerda.Net até pode, apenas ler o artigo do DN para conseguir escolher esta frase como título e omitir o Expresso. O problema é que o Expresso existe. E aí Alegre diz claramente entender as medidas de Sócrates e aconselha Sócrates a explicá-las, bem explicadinhas, que os portugueses até são capazes de as entender...

O Bloco de Esquerda até pode continuar a escolher, numa tarefa que, cada dia calculo mais difícil, as únicas frases em que Alegre deixa transparecer alguma critica a Sócrates.
O problema é que o BE sabe que essas criticas não chegam. Não são as nossas criticas e que Alegre, refém do apoio de Sócrates, não fará outras.

O Esquerda.Net até pode escolher como titulo que Alegre não quer as mesmas receitas...o problema é que não pode omitir que Alegre, apesar de não as aplaudir, as entenda....

O drama do Bloco é que a Esquerda Possível é a que entende as medidas. A Esquerda Necessária é a que as combate.

O problema do Bloco é não poder garantir a ninguém que, a 29 de Maio, Alegre estará na Esquerda Necessária. Ou pode?

Sem titulo

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Saldanha Sanches


Há pessoas que nos habituamos a ver sempre. Durante anos vamo-nos encontrando nos mais variados lugares. Sempre em lugares onde encontramos os companheiros de caminho. Algumas vezes sabemos que, entre a última vez e esta, os caminhos foram outros. Paralelos ou antagónicos, mas outros. Muitas vezes discordamos do que dizem. Muitas outras do que fazem. Mas sabemos sempre que numa outra paragem qualquer, lá estarão. Acho que tem a ver com o lado da vida onde se nasce. Ou com aquele onde decidimos crescer. Viver.

Depois, um dia, a morte interpõe-se e a 1ª reacção é penasr: olha, agora, acabou-se. Não nos vamos encontrar mais...Mas dura pouco. A morte sabe bem que há pessoas que se encontrarão sempre. Há muitas batalhas que ela perde. Apesar dela julgar que não. Depois disso, ficamos, sempre, um bocadinho mais pobres e mais sós. Porque numa coisa ela vence, a megera. Nos bocadinhos da nossa própria vida que leva com as pessoas que pensa levar.

Houve muitas vezes que encontrei o Saldanha Sanches durante estas décadas. E, por mais diferentes que fossem algumas vezes as escolhas, encontrei-o sempre do mesmo lado da vida. E sinto um previlégio enorme em o ter encontrado.
E, por mais que me recuse a dar esse gosto à morte, acho que nos vai fazer falta. Muita falta.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A canalhice fica-lhes tão bem...

Até quando a gente vai permitir que estes gajos nos mintam? Nos gozem com pedidos de desculpa hipócritas ou com atestados de imbecilidade? Estes, os avós destes, os pais destes...até quando a gente vai permitir que quem nos trouxe até aqui saia impune de nos ter trazido até aqui? E quando metemos mãos à obra e afastamos de vez esta canalha?

Como é que se chega lá, quando se vier do Poceirão?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Doces esperas

Edward Hopper - Morning Sun

E palavras de sempre

terça-feira, 11 de maio de 2010

Palavras de agora

Dia de meditação


Recebi por mail e não resisti a partilhar. Nesta altura, o homem, talvez, ainda não tivesse começado a mentir. Guardemo-la, pois, como uma relíquia. Não digo na mesa de cabeceira, mas bem dentro dos nossos corações (o que é que querem, ontem vi 5m do Prós e Contras...ainda estou embrenhada na linguagem da coisa...). Reparem na posição dos pés e, sobretudo, na candura das mãozinhas....há toda uma auréola que perpassa desta imagem (ok, ainda tem a ver com os Prós e Contras!) à qual é muito díficil ficar indiferente...E, confessem lá, isentos de intolerância e de mau feitio: nesta imagem até conseguiamos imaginar um gajo sério. Devia ser proíbido a vida estragar as fotografias!!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cadê a Esquerda deste País?

Eu posso andar distraída e daí este pedido de ajuda: alguém me pode dizer onde está uma posição pública dos Partidos de Esquerda - o PC e o Bloco, sobre a clara violação da Constituição que a forma como a a visita do Papa vai decorrer, consubstancia?
Alguém me sabe dizer onde posso encontrar uma tomada de posição pública dos Partidos de Esquerda - o PC e o Bloco de Lisboa, sobre o total desrespeito pelos munícipes de que reveste a passagem do Papa pela capital?
Alguém me pode deixar um link para uma tomada de posição pública dos Partidos de Esquerda - o PC e o Bloco, sobre as tolerâncias de ponto, sobre os 75 milhões de Euros que parece que se vão gastar na visita, sobre que parcela deste montante é paga por todos nós?

Não havendo uma alma amiga que me consiga um linkzinho, ficam muito ofendidos se eu disser que acho que os Partidos de Esquerda, o meu incluído, se deixaram, neste como em muitos casos, vencer vergonhosamente pelo mais vergonhoso eleitoralismo?

Se me deixarem um linkezinho, unzinho apenas, engulo o fel, respiro de alívio e faço uma promessa: Vou deixar de andar distraída!
Nota: Entretanto, no Facebook, um amigo deixou-me este link, sobre uma interpelação feita ao Governo, pelo Bloco, através de Fernando Rosas, no dia 16 de Abril, aquando da concessão da tolerancia de ponto. Como lá escrevi, é pouco. Demasiado pouco. Falta questionar o resto todo. Falta ter voltado a falar e ter denunciado todo o resto, no mês que passou desde o dia 16 de Abril. Falta um artigo no Esquerda. Net, falta uma tomada de posição oficial...o link não chega para me sentir aliviada. Mas confesso que lamento.

domingo, 9 de maio de 2010

Sobre a vitória do Benfica e o cruzar dos braços

Faz-me imensa confusão as pessoas que levam a vida toda muito a sério. Ou que se levam muito a sério nela.

Nunca pertenci a um clube de futebol. Quando é no campeonato do Mundo ou da Europa e Portugal está lá, vibro, enervo-me, arrumo as gavetas para não ver os jogos...e sempre fiz isso, desde que me lembro...e nunca deixei de, nos outros dias todos, nesses dias inclusive, se necessário foi, lutar, barafustar, reclamar, exigir. Este ano, sobretudo porque os meus amigos benfiquistas me transmitiram o entusiasmo, até dei por mim a vibrar com as vitórias e com a vitória do Benfica.
E não me sinto nada culpada. De nada culpada. Ontem estive onde foi preciso estar, a lutar contra as injustiças sociais. Amanhã estarei onde for preciso estar, a lutar pela dignidade e pelo direito a uma vida livre e a uma vida digna. Hoje, agora mesmo, se fosse preciso também estaria!
Para mim o dia de hoje não deu nenhum intervalo aos donos deste mundo...deu-me um merecido e vitaminico intervalo a mim. Para amanhã ter mais um bocado de energia para os chatear e combater.

Se lamento alguma coisa neste entusiasmo que enche as ruas? Sim, lamento. Que não seja igual quando é necessário lutar pelos nossos direitos. Por um País e um Mundo melhores...mas disso, meus amigos, o Benfica não tem culpa nenhuma. Disso, meus caros, a culpa é vossa. Se optam por cruzar os braços, se se esquecem de gritar de raiva ou de alegria, 364 dias por ano, e só gritam e vibram no dia em que a vossa equipa de futebol ganha um campeonato, a culpa não é duma equipa de futebol, não é do futebol, é da vossa desistência. Do vosso comodismo e de uma, muitas vezes, dose qb de cobardia.

Desculpem lá, os que acham sempre que a alienação está ali ao lado da esquina a espreitar e que somos todos uns mentecaptos a qual ela toma nos seus braços...mas gritar por uma equipa de futebol não mata ninguém...abdicar de lutar por um Mundo melhor para nós e para os nossos filhos, isso sim mata! A esperança e o futuro, antes de mais.

O Papa e eu

A Avenida da Liberdade é minha. Desculpam lá, mas é. As vias laterais da Av. da Liberdade também são minhas.
A Rua Latino Coelho é minha (até trabalho lá e tudo!). Desculpem lá mas é minha. O Campo das Cebolas, também. A 24 de Julho idem, idem. Desculpem lá mas são minhas. Vivo nesta cidade. pago os impostos nesta cidade e neste país. Esta cidade e este País são meus.

A janela da minha casa, a minha casa, são minhas. Desculpem lá mas são. Se eu não pagar a casa, o Santander leva-me a casa e as janelas e tudo. Portanto, são minhas!

Quis o acaso, a vida, os genes, sei lá o quê, que nascesse ateia. Desculpem lá, mas nasci. Ainda fui uns dias à catequese porque o padre dava rebuçados com sabores a frutos, mas não resultou. Para mal dos meus pecados, nasci e cresci e devo morrer (presumindo, o que faço a custo, mas faço, que sou mortal) ateia.

Então porque carga de água não posso, dois dias antes de chegar o Papa, estacionar no lugar onde sempre estaciono quando quero ir comprar ou comer um frango ao Bom Jardim? E se hoje me apetece frango do Bom Jardim, já não digo no dia da missa, digo hoje, dois dias antes, porque raio não posso na minha cidade comprar e comer um miserável dum frango assado como sempre faço, da mesma forma que sempre faço, quando me apetece frango assado do Bom Jardim?? Quem é o Papa para incomodar o meu frango??

E porque raio é que terei (e ainda agora me asseguraram que terei, mas eu ainda não quero acreditar!) que estar à minha janela, dentro da minha casa que o Santander me obriga a pagar, a ouvir a missa do Papa no Terreiro do Paço? Quem é o Papa para me obrigar a ouvir uma missa? Se eu quisesse ouvir a missa não iria ao Tereiro do Paço? Quem é o Papa para me obrigar a ouvi-lo DENTRO da minha casa? Na minha casa não entra só quem eu quero? O que eu quero?

E que porra de País é este que dá esta imagem de fundamentalismo arcaico, de parolismo, de irracionalidade, de falta de respeito pelos seus cidadãos e pela sua Constituição?
E como o pode fazer impunemente?

Para dar som ao Domingo...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sem comentários

A outra visão de Sócrates

No artigo que o Esquerda.Net faz da apresentação da candidatura de Manuel Alegre, escreve-se:

"E saudou todos os socialistas e democratas açorianos, "na pessoa de Carlos César, grande referência dos Açores, do PS e da República". Saudou também os representantes presentes do Movimento de Intervenção e Cidadania, do Bloco de Esquerda, da Renovação Comunista e do Partido Democrático do Atlântico, e ainda "nas pessoas do presidente Almeida Santos e do secretário-geral José Sócrates, saúdo o meu partido, o Partido Socialista", estendendo a saudação "a todas as forças de esquerda, todos os democratas, de todos os quadrantes, que desejam um Presidente que seja uma alternativa, não de governo, mas de atitude, de pensamento, de uma outra visão de Portugal e do mundo."

Se eu sei ler, Manuel Alegre ao incluir o "seu partido e o seu secretário-geral" na lista dos saudados, está a inclui-los no rol dos que "desejam um Presidente que seja uma alternativa, não de governo, mas de atitude, de pensamento, de uma outra visão de Portugal e do mundo."

Como eu nunca me apercebi que o PS de Sócrates, o Partido de Alegre, como ele não se cansa de lembrar, tenha uma outra visão de Portugal do que Portugal que ao longo de décadas ajudou a construir, das duas uma, ou sou completamente iletrada ou completamente distraída.

Ou será que só contaram para Manuel Alegre?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

sábado, 1 de maio de 2010

E se "a obra"...

...não for feita com afectos, com amor, com festa, com prazer e com paixão, por homens e por mulheres livres, será sempre uma "obra" coxa. Como o passado nos mostrou. E como o futuro não nos mostrará. Se assim quisermos.
Bom Dia do Trabalhador, do Desempregado e do Precário. Isto faz-se!!

A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores!