quarta-feira, 23 de março de 2011

Por uma alternativa de Esquerda ao Bloco Central

Sócrates acaba de apresentar a sua demissão. Começa aqui um caminho que não temos o direito de adiar. Comemoremos Abril a lutar por fazer cumprir Abril. Discutam. Assinem. Divulguem. Mas não cruzemos os braços.
http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N8105+

terça-feira, 22 de março de 2011

Depois da Lua Cheia, a poesia...


"Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima de não ver
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.

Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há-de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.

Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu."

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sobre a guerra. Esta e as outras - II


Esta imagem é, tirada ao acaso, do Google.
Nem tive tempo para ver de onde ou de quando. É um menino e uma menina líbios. Que até à pasasda semana viveram sob o jugo de um ditador recebido como amigo pelo Ocidente que sorria, complacentemente, perante as suas "excentricidades" e se banqueteava com as suas "dádivas". E que hoje vivem sob as bombas do mesmo Ocidente.
Para quem a luta´que faz é por e para eles, que seja entendida como um grito de paz.
Para quem luta que faz é pela liberdade, há uma semana estava contra o ditador e hoje contra a intervenção militar.
Para quem a luta que faz é pela justiça e pela dignidade, a sua solidariedade, compreensão e apoio serão sempre e exclusivamente para com eles. O resto pode-nos dar algum descanso de consciência...mas a eles traz sofrimento. E morte.

Sobre a guerra. Esta e as outras.

Não sei escolher entre mortes. Não sei escolher entre assassinos. Não sei escolher entre agressões.
Acredito que os homens têm o direito a ser livres e a escolher o seu destino. E que uma vida humana é infinitas vezes mais importante que um barril de petróleo.
E que a hipocrisia nunca fez a paz, sempre contribuiu para alimentar a guerra.
E que os senhores da guerra são sempre os mesmos. os que armam ditadores, os que armam outros ditadores para combater os ditadores anteriores quando estes deixam, por um motivo ou por outro, de lhes servir, os que entram em países em nome da defesa da "democracia". E que uma vida saudita tem a mesma importância que uma iraquiana, uma líbia ou uma...E que a vida de um homem ou de uma mulher ou de uma criança é infinitas vezes mais importante do que a de um dono do mundo, se, por imposição dos últimos, formos mesmo obrigados a escolher...
Por isso, quando leio que as bombas caem em Tripoli, tenho a sensação que cairão sempre sobre homens, mulheres e crianças. E que são sempre mandadas pelos donos do mundo, sejam eles os de fora ou os de dentro.
Por isso, sem que me pergumtem sobre que soluções tenho, tenho uma certeza: a guerra não é solução. A guerra imperialista é crime. A guerra em nome da democracia, imposta por aqueles que criam, alimentam e seguram ditadores é uma hipocrisia.
Que faz vitimas. Muitas vezes mais vitimas do que as que nos quis convencer que queria impedir.
E que por isso temos a obrigação de a combater.

Da memória das nossas guerras


Nos 50 anos do início da Guerra Colonial, o DN e o JN, estão a publicar aos Domingos, a sua história. A grande maioria das vezes, contada na 1ª pessoa.Como está escrito no texto inicial, esta foi, de uma forma ou outrra, a Guerra de todos os portugueses. Durante 16 semanas passa por ali a nossa memória. E a memória nunca é uma escolha... é sempre um imperativo.

sábado, 19 de março de 2011

We shall!!

Duvidar mata!

Se pudessemos moldar a realidade, moldá-la como se de barro se tratasse, não teria havido perdas, não haveria lugares feitos de ausências, não nos faltaria o cheiro a canela do arroz doce quente.

Se pudessemos moldar a vida, fá-la-iamos sem partidas, sem desencontros, sem choros, sem saudades, sem erros, sem mágoas, sem medo e sem cinzento. Com lareira, nas noites frias. E com mar e sol nas outras.

Não perderiamos amigos, amores, sonhos, certezas. paixão. Nem esperança.

Assim, reconhecendo que nada temos de deuses ou de oleiros, respiramos fundo. Às vezes, pensamos que seria melhor não respirar. Mas já se sente a primavera.

Mais um pouco, então. Isto vai.

Não moldamos a vida, mas continuamos a não permitir que ela nos molde. Não é uma vitória. É, apenas, uma não derrota. E a Primavera.

Os calendários dos homens que não moldam a vida e da vida que nos faz, dizem que chega na próxima semana. Duvidar do calendário deveria ser das poucas dúvidas que deveriam ter penas severas...duvidar dos calendários deveria vir sempre com aquele simbolo do tabaco: duvidar mata!

Le ciel est plus beau...

sábado, 12 de março de 2011

A luta é anti-capitalista!

12 Março 2011

Desde que me lembro que sei que hoje estaria na rua!

Quando me bateram à porta, menina de bibe, e uns homens de negro me levaram o meu pai, numa noite escura de chuva, soube que hoje estaria na rua. Quando vi os meus pais partirem em busca do pão que aqui não tinham, soube que hoje estaria na rua.

Quando entrei no autocarro que me levava ao Liceu de Santarém e ouvi o Zeca, manhãzinha cedo, daquele dia de Abril, e entendi que aquela era a manhã, soube que hoje estaria na rua. Quando corri ruas, campos, de bandeiras de luta e de esperança defraudadas com o mundo numa mão e a vida para fazer na outra, soube que hoje estaria na rua.

Quando decidi que o meu filho nasceria e que ia lutar por lhe dar dignidade, soube que hoje estaria na rua.

Sempre que luto na empresa, na rua, em casa e na vida, pelo pão, pelo trabalho, pela dignidade, pela justiça, pela liberdade, sei que hoje estaria na rua.

Quando conto os tostões para os livros, para o pão, para as propinas, para a casa, e os tostões não chegam, sei que hoje estaria na rua.

Quando não sei o caminho, quando digo não, quando amo, quando rio, quando choro por não saber o caminho, quando hesito, quando vacilo, sei que hoje estaria na rua. Quando me tiram um direito e eu reclamo. Quando vejo fome e me indigno. Quando os meus amigos querem trabalho e eu me inquieto e me revolto, sei que hoje estaria na rua.

Quando me falta a força, sei que hoje estaremos na rua. E vou!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Amanhã começa outro dia


Não é uma questão de geração. Mas é uma imposição dela. O futuro pertence, pertence por força da lei da vida, aos nossos filhos e aos filhos deles.

Não cumprimos as nossas promessas. Nem honrámos os nossos compromissos. Não lhes demos um mundo novo. Nem a possibilidade de viverem melhor que nós vivemos. Pior, hoje, Março de 2011, muitos de nós, cada vez mais de nós, não tem sequer hipótese de lhes dar o que perante eles, já nem entra aqui o Mundo, entram, apenas eles, a quem embalámos nas cólicas dos dentes a nascer, ou nos choros das primeiras quedas, nos comprometemos a dar.

A responsabilidade não é de todos igual? E então? Serve de quê a afirmação disso? Talves, apenas, um Xanax a mais que fica na caixa...numa noite sem exemplo.

A responsabilidade é nossa. Tinhamos 14, tinhamos 18, tinhamos 20 e tal anos, em Abril. Tinhamos a força e os sonhos que só se têm quando o mundo nos cabe numa mão, e deixámos que nos fugisse. Tinhamos a hipótese de criar um País em que depois de os embalar nas cólicas, os deixaásemos voar na vida e ao deixarmos que nos cortassem as asas, cortámos-lhes as asas deles.

Quando hoje o meu pai me conta da sardinha dividida em três, eu olho para ele e agradeço-lhe que me tenha permitido ter, ele e a sua luta, uma sardinha inteirinha só para mim. Quando hoje o meu filho me olha, sei que no País que lhe fiz, muito possivelmente, não haverá sardinha.

Durante anos reclamámos contra a falta de sonhos dos mais novos. Talvez seja, dia 12 de Março, quando os encontramos na rua, a altura de lhes pedir descuulpa por termos deixado matar os nossos e com isso, nem sardinha nem sonho terem ficado para lhes legar. Talvez devamos, humildemente, pensar que os sonhos, como a cor dos olhos ou a forma das mãos, se legam. Ou não. E nós não legámos.

Isto teria sido escrito há um mês. Hoje, dia 11 de Março, há como que uma esperança qualquer que nos toca. Como se, depois de os embalarmos um pouquinho, a cólica parecesse amainar e nos agradecessem o colo com um sorriso. O sorriso que só os filhos de cada um de nós tem

Amanhã, dia 12 de Março, teremos oportunidade de não lhes falar só de sonhos. De lhes falramos das lutas que perdemos, de algumas que ganhámos, mas, sobretudo, de lhes dizermos: "vamos lá aprender todos a voar de novo. Ensina-me o que a tua força e as tuas assas fortes te permitem ensinar-me. Deixa-me que te ensine como se deixares que a asa se volte sempre e apenas a favor do vento, deixarás de saber voar".

Amanhã não é uma questão de geração deles. É a geração deles a lutar pelo futuro. A minha a tentar sobreviver ao presente. A de todos a tentar mudar o passado.

Se amanhã, na Avenida ou na Praça da Batalha, ou nos outros lugares todos onde sairmos à rua, conseguirmos gritar bem alto que a partir de agora, até vencer os carrascos dos nossos sonhos e os vampiros das nossas vidas, conseguirmos, em conjunto, decretar por imperativo político, moral e de sobrevivência, que todos os dias são dias 12 de Março de 2011, temos sardinha. E País.

quarta-feira, 9 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

8 de Março - Se não desistirmos de lhe juntar o 1º de Maio e o 25 de Abril, temos vida!


Não nascemos nada livres como as papoilas, mas como elas não vivemos se nos colherem. Mas os homens também.Temos empregos precários, mal pagos, o desemprego bate-nos à porta. Mas os homens também não.

Somos exploradas, discriminadas, perdemos direitos, não temos dinheiro para a escola dos nossos filhos, para pagar a casa, não sabemos o que são férias, nem dias de descanso, mas muitos homens também.

Amamos, apaixonámo-nos por gente, por causas, pela vida, mas os homens também. Acho que choramos mais vezes, que sofremos mais com os desamores, que nos apaixonamos mais vezes, mais perdidamente...mas acho só. Nunca estive dentro de nenhum a sentir o desamor. Nem a ver como estanca as lágrimas. Nem a medir as cócegas no estômago ou o aperto no peito.

Não nos resignamos, mas os homens também não. Ou resignamo-nos, mas os homens também. Saímos para a rua para reivindicar os nossos direitos, para gritar pela justiça e pela liberdade. Mas os homens também. Ou não saímos para a rua para reivindicar os nossos direitos, para gritar pela justiça e pela liberdade. Mas os homens também não.

Olhamos para os nossos filhos e sentimo-nos culpadas de não lhe poder dar uma vida melhor, um mundo mais justo, um futuro em liberdade, sem precariedade e sem exploração. Mas os homens também. Olhamos para os nossos filhos e são os mais bonitos do mundo. Os filhos dos homens também.

Somos discriminadas, mas muitos homens também. Somos violentadas, violadas física e psicologicamente, mas muitos homens também.

Mas, às vezes, junta-se a isso, os preconceitos dos nossos homens, a violência dos nossos companheiros, as horas extraordinárias em casa...e aí a nossa luta também passa por fazer deles companheiros e não algozes. Companheiros e não donos nem patrões.

E o desemprego ainda nos atinge mais que a eles, ainda somos discriminadas nos salários, nos cargos públicos e políticos, muitas vezes ainda somos as mais exploradas dos explorados, as mais discriminadas dos discriminados, as menos livres dos sem liberdade...e por isso temos que fazer de todos os dias do ano, dia 8 de Março. Se não desistirmos de lhes juntar o 1º de Maio e o 25 de Abril, temos vida.

domingo, 6 de março de 2011

Será?

O Festival da Canção tornou-se um monumento ao mau gosto e à mediocridade.

E é, até por aquilo em que se tornou, um espelho do que a Direita e as suas políticas fizeram do País. Pobre, cinzento, sem criatividade, triste, bolorento, conservador e pindérico.

Por isso a vitória hoje dos Homens da Luta não é um fait divers.

Os representantes oficiais do cinzentismo oficial foram vencidos e não conseguiram calar nem esconder o incómodo e o espanto. A vitória foi dedicada aos desempregados e marcou-se encontro para a luta do dia 12. O Festival terminou com o slogan A Luta Continua.

E, ávidos de alento, queremos todos acreditar que o Festival continua a ser um espelho do País. E que o Pais está a mudar. Que um dia destes a Luta vencerá o cinzento. E que o povo tomará nas suas mãos a decisão de quem vence o Festival da vida. Da sua vida.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Pensées (amores-perfeitos!)

Por entre pedras, nuvens, distâncias...como no primeiro dia. Sempre renovado.