terça-feira, 8 de março de 2011

8 de Março - Se não desistirmos de lhe juntar o 1º de Maio e o 25 de Abril, temos vida!


Não nascemos nada livres como as papoilas, mas como elas não vivemos se nos colherem. Mas os homens também.Temos empregos precários, mal pagos, o desemprego bate-nos à porta. Mas os homens também não.

Somos exploradas, discriminadas, perdemos direitos, não temos dinheiro para a escola dos nossos filhos, para pagar a casa, não sabemos o que são férias, nem dias de descanso, mas muitos homens também.

Amamos, apaixonámo-nos por gente, por causas, pela vida, mas os homens também. Acho que choramos mais vezes, que sofremos mais com os desamores, que nos apaixonamos mais vezes, mais perdidamente...mas acho só. Nunca estive dentro de nenhum a sentir o desamor. Nem a ver como estanca as lágrimas. Nem a medir as cócegas no estômago ou o aperto no peito.

Não nos resignamos, mas os homens também não. Ou resignamo-nos, mas os homens também. Saímos para a rua para reivindicar os nossos direitos, para gritar pela justiça e pela liberdade. Mas os homens também. Ou não saímos para a rua para reivindicar os nossos direitos, para gritar pela justiça e pela liberdade. Mas os homens também não.

Olhamos para os nossos filhos e sentimo-nos culpadas de não lhe poder dar uma vida melhor, um mundo mais justo, um futuro em liberdade, sem precariedade e sem exploração. Mas os homens também. Olhamos para os nossos filhos e são os mais bonitos do mundo. Os filhos dos homens também.

Somos discriminadas, mas muitos homens também. Somos violentadas, violadas física e psicologicamente, mas muitos homens também.

Mas, às vezes, junta-se a isso, os preconceitos dos nossos homens, a violência dos nossos companheiros, as horas extraordinárias em casa...e aí a nossa luta também passa por fazer deles companheiros e não algozes. Companheiros e não donos nem patrões.

E o desemprego ainda nos atinge mais que a eles, ainda somos discriminadas nos salários, nos cargos públicos e políticos, muitas vezes ainda somos as mais exploradas dos explorados, as mais discriminadas dos discriminados, as menos livres dos sem liberdade...e por isso temos que fazer de todos os dias do ano, dia 8 de Março. Se não desistirmos de lhes juntar o 1º de Maio e o 25 de Abril, temos vida.