quinta-feira, 29 de abril de 2010

Unidade Nacional ? - (3)

"Para a sua Esquerda, há muito que este PS tem vindo a cavar um enorme fosso e, neste momento, apenas está refém dos seus próprios compromissos, à Direita."

Depois da unidade nacional de Fernando Nobre e da solidariedade nacional de Manuel Alegre, o "entendam-se" do Diário Económico...
O Bloco do Regime, um post do Paulo F. Silva.
A quem serve e que políticas defende o "entendimento"?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Unidade Nacional ? (2)

"e ainda não se ouviu Alegre sobre o ataque especulativo, creio eu...)", escrevia ali em baixo no post sobre Fernando Nobre...afinal já ouviu!!

Manuel Alegre falou na necessidade de maior coordenação na UE, pediu uma mudança de atitude à Alemanha, fez criticas às agências de rating e... elogiou a conjugação de esforços entre o PS e o PSD hoje manifestado na reunião dos seus lideres na qual estiveram em total sintonia na necessidade de antecipar a aplicação do PEC, nomeadamente quanto às novas regras do Subsídio de Desemprego.
Segundo Alegre é «natural que haja uma troca de impressões e uma conjugação de esforços para fazer frente à situação».
Pois é, é por ser natural para Alegre que essa conjugação de esforços não passe pelos Partidos de Esquerda, por ser natural que Alegre se esqueça de falar da responsabilidade dos Partidos e dos Governos dos Partidos que se reuniram esta manhã no estado a que se chegou e por ser natural que Alegre ache natural que "a conjugação de esforços" passe pelo antecipar do PEC fazendo pagar a crise aos mesmos de sempre...que reitero o que escrevia lá em baixo: "é por isso que eu continuo a querer discutir Presidenciais. Não apenas nomes de candidatos, mas programas. compromissos, análises, propostas. E apoios."

Unidade Nacional ? (1)

É porque as responsabilidades de um desempregado na crise não são as mesmas dos Governos do Bloco Central que o trouxeram ao desemprego, é porque continuo a acreditar que há luta de classes e que os interesses e os problemas de um trabalhador duma fábrica que encerra não são os mesmos do patrão que a encerra nem dos Governos cujas políticas a levaram a encerrar, que este tipo de apelos não só não fazem, para mim, qualquer sentido, como não os entendo vindos de um homem que conhece os dramas da pobreza e da fome e que sabe que esses dramas têm resposáveis e que esses responsáveis não são as suas vitimas.
Por estas e por outras, continuo a pensar que é um erro passar cheques em branco. Por mais respeito que nos mereçam os "sacadores". E é, por estas e por outras, quando se continua sem saber se Sócrates apoia Alegre (e ainda não se ouviu Alegre sobre o ataque especulativo, creio eu...), quando Fernando Nobre apela à criação de uma "unidade nacional" que inclui Sócrates, que nos trouxe aqui e quando já na passada semana dizia numa entrevista que não pedia o apoio do PS (deste PS, que com o PSD e o PP nos trouxe aqui, presumo!) mas que se ele viesse seria bem vindo, que eu continuo a querer discutir Presidenciais. Não apenas nomes de candidatos, mas programas. compromissos, análises, propostas. E apoios.

domingo, 25 de abril de 2010

Começar de novo






"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo"
Sophia de Mello Breyner

sábado, 24 de abril de 2010

E assim fizemos/faremos Abril !!

O meu 25 de Abril

O dia estava cinzento (ou os dias eram todos cinzentos?). Apanhei o autocarro das 7.40h que me levaria ao Sta. Margarida, a Santarém. Apanhei-o no mesmo lugar de sempre. Com as mesmas pessoas de sempre. E o mesmo cinzento de sempre. Entrecortado com os sorrisos e a algazarra de quem, apesar de ser manhã e dos dias cinzentos, ainda estava na manhã da vida.

Quando entrámos no autocarro ouvimos uma música estarnha. Não. A música não era estranha. Ouvi-la no radio do autocarro, sim, era estranho. Creio, mas pode ser que me venha da manhã que me fiz e não da manhã mesma que vivi, que quando estrámos ouvimos o Adriano...não sei, na mimna memória daquele dia, em algum momento no autocarro, ficou guardado o Cantar de Emigração e o Adriano.
Acho que, no início, interrompemos os risos próprios das manhãs cinzentas da manhã da vida...depois ouvimos o Comunicado do MFA..."o que se passa? "Cantamos?" Cantamos! Mas baixinho, ainda.

Quando chegámos ao Colégio e fomos mandadas para casa com um sorriso nos lábios pela Directora do Colégio, mulher dum oficial do Exército Colonial, que nos odiava porque vinhamos de uma terra de comunistas, o 1º e único sorriso em dois anos, entendemos que podiamos cantar.

Não obedecemos e não voltámos para casa. mas sorrimos, pela primeira vez, numa manhã não cinzenta da manhã da vida.

Na volta para casa, horas mais tarde, tinhamos visto os chaimites da EPC a voltar de Lisboa. Não conheciamos o Salgueiro Maia nem a história. Mas no autocarro de volta cantámos alto. Muito alto.

Depois, por mais uns tempos, a festa continuou.

Durante mais dois anos, continuei a apanhar o mesmo autocarro. Lembro-me que, nos últimos meses do Liceu, já tinha havido Novembro e o cinzento começou a querer-se impôr de novo. Mas ainda cantavamos.
Nunca mais, apesar de Novembro, desistimos de cantar. Alguns de nós.

Poema para Galileo

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Abril

Teimam em fazer cerimónias institucionais, bem comportadas, sem alegria...nós teimamos em ver festa, solidariedade e risos.
Eles têm o 25 de Novembro deles...a gente continua a lutar pelo nosso 25 de Abril.

Abril


Teimam em encher-nos de cinzento. A gente continua a lutar pelo vermelho.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Porque é Abril...


Não sei como acontece. No cinema sei. Chama-se flash back, não é?
Na vida? Bem na vida, deve ser, à mesma, um flash back, só que sem efeitos especiais.

Tinha seis anos. Não me lembro em que dia saiu da prisão. Lembro-me de quando o vieram buscar. Lembro-me das três batidas na porta. Não, das batidas não me lembro, ouço-as.
Era Inverno. Dormia no quarto pequenino, mesmo ao lado. Tinha três anos e segundo me contam imenso medo dos papões. Do medo dos papões não me lembro, confesso. Do medo dos homens que entraram, molhados, pela porta adentro, também não me lembro. Só ouço o meu pai a dizer que estava tudo bem e que iria voltar em breve. Nunca tinha visto o meu pai chorar. Achei estranho. Tão estranho que chorei também. A minha mãe já tinha visto. Não me parece que tenha achado tão estranho. E talvez não tivesse chorado por causa disso. Mais tarde, sim. Ao longo dos três anos que se seguiram...mas esses não entraram tanto nos meus efeitos de filme desta tarde.
Não me parece que tenhamos comido alguma torta de chocolate durante esse tempo todo. A moeda que vi, um dia, milagrosamente perdida debaixo da pontinha da camilha bordeuax (na altura devia achar que tinha uma camilha vermelha...mas hoje lembro-a bordeaux. Creio que a memória deve ter razão nas cores) deu para comprar pão. Nunca teria dado para fazer uma torta de chocolate.
Um dia, a minha mãe disse-me que o meu pai viria antes de eu entrar para a escola. De certeza que viria. Só tínhamos, mesmo, que esperar mais um pouquinho, dizia, com lágrimas nos olhos. Aí, e apesar do meu efeito de filme desta tarde não parar muito nesse tempo, acho que já chorava com ela. Mas chorava sem perceber porque chorávamos. Então se ele estava quase a vir...a minha mãe tentava explicar. Mas chorava mais. Tive que desistir.

Chegava tarde a minha mãe e as outras mulheres que iam ver os maridos. Só podia ir uma vez de quinze em quinze dias. Ficava cara a viagem. Os meus avós pagavam a viagem e davam-me de comer, enquanto esperava que ela voltasse, à noitinha. Vinha sempre com os olhos vermelhos. Eu já não estranhava.
Um dia não veio com os olhos vermelhos. Eu estranhei. Mas lembrei-me que faltavam poucos dias para começar a escola. Já não estranhei mais.
“Temos que fazer uma torta de chocolate” “Não temos dinheiro, filha” “Tem que ser, mãe” “Só se pedires à avó que faça…a mãe tem…” “Eu peço, mãe”.
Tinha que pôr o avental. A minha avó não me deixava estar na cozinha sem avental. Sujas-te com a farinha, dizia. Posso partir os ovos? E misturar o açúcar?...e rapar a tigela????
Ficou muito bonita a nossa torta. Não pode ser muito grande, disse a avó. Leva muitos ovos e muito açúcar e muito chocolate...Eu sei, avó.

Agora entraste pela porta. E afinal vinhas a chorar outra vez. Então mas agora quando saías e entravas em casa, vinhas a chorar, pai? Que coisa estranha...
Fiz-te um bolo, adivinha qual…uma torta de chocolate…sim pai!!! Ainda estás a chorar pai, mesmo com a torta de chocolate? Não está boa? Fui eu que fiz. A avó Inês só ajudou…Está boa, filha. Muito boa.
Então porque raio, continuavam todos a chorar????

Mãe, achas que já está fria? Já se pode experimentar? Não querido, ainda não.
Mãe, estás com uns olhos estranhos…não, é impressão tua. Só estava a ver um filme...Um filme? Coitada, é da campanha....

Setembro de 2005

terça-feira, 13 de abril de 2010

Requisição de tolerâncias de ponto

Aqui fica a minha requisição de tolerâncias de ponto, à consideração do Governo do Sr.Engenheiro e à semelhança da concedida aos funcionários públicos, aquando da visita do Papa.

Dia 26 de Abril, porque depois de descer a avenida de ténis, no dia seguinte, fico sempre à rasca das barrigas das pernas.
Dia 28 de Maio porque faço anos e quero ir almoçar fora.
Dia 15 de Julho porque curtia ir ver os Deep Purple a 14 e curtia poder deitar-me tarde. Dispenso o dia 14, mesmo, porque depressa chego ao Coliseu e não quero que me chamem abusadora.
Dia 28 de Julho, idem, para ir ver o Caetano Veloso ou o Mark Knopfler - oportunamente decidirei, mas para o caso não interessa. Idem também para o dia 27 (só vos dou borlas, anotem isso faxavor!).
Dias 3 e 6 de Setembro, porque este ano está-me a apetecer voltar à Festa do Avante a beber uns tintos e curtir umas músicas e assim.
(Dou-vos mais uma borla porque não vou ver os U2 a Coimbra...)

Para além destes, já certos, peço ainda a vossa consideração para os que me surgirem necessários por ter que ir passar o fim-de-semana fora e precisar de meter a Sexta e/ou a Segunda para ir mais cedo ou para descansar. depois de voltar. E ainda para o caso de Portugal receber qualquer visitante inesperado. Vou tentar não abusar.

Desde já agradeço a atenção.

domingo, 11 de abril de 2010

De sempre

Desistir nunca!


A gente cresce. Mas se nunca perder a vontade de levantar os braços, se nunca os baixar por cansaço, por cobardia ou por medo, a gente chega à chave.

sábado, 10 de abril de 2010

O meu professor de português


O meu professor de Português nos dois últimos anos do Liceu, deveria ter, na altura, uns cinquenta e cinco ou sessenta anos.Tinha-se formado muito tarde, enquanto trabalhava como marceneiro.
Era uma figura indescritível, com um enorme carisma e misteriosa. Nunca falava dele. Nunca soubemos se era casado, se tinha filhos, onde vivia. Em dois anos, creio que nunca faltou a uma aula. Era calvo, na parte de tràs da cabeça. Fazia-nos lembrar o St. António. Um dia caiu a subir para o estrado. Éramos putos de 15 ou 16 anos e não contivemos uma gargalhada geral. Levantou-se, olhou-nos de frente e disse-nos “Não, está tudo bem. Não me magoei, não se preocupem”. Fez-se um silêncio enorme na sala. Quando, mais tarde, se falava neste episódio, ninguém conseguia evitar um momento de constrangimento.

Eu detestava ir ao quadro. Adorava escrever, mas o quadro era uma tortura. Um dia chamou-me, no fim duma aula e perguntou-me “Isabel de que cor é este quadro?”. Olhei para ele espantada e respondi “Claro que é preto, Stôr”. ”Olha bem, Isabel, não vês que o quadro é branco, tal qual a folha de papel onde, em cada teste, escreves histórias muito bonitas? Começa a ver o quadro branco, vais ver que há-de resultar”. Nunca o quis contrariar, mas, creio, que ele haveria de ter entendido que não resultou.
Pensei nas suas palavras muitas vezes, anos mais tarde, quando necessitei de me levantar para falar em público e teimava em ver o quadro negro como breu.

Voltei a encontrar o meu professor de Português apenas uma vez, alguns anos depois. Já se tinha reformado. Estava sentado a uma mesa, numa pastelaria de Santarém.
Na altura eu vivia lá e passava, sem dúvida, os piores momentos da minha vida. Falámos do Liceu, do meu medo em ir ao quadro e deixou-me sem fala quando me disse que eu tinha feito o melhor texto que algum dia tinha visto sobre os Gaibéus, do Alves Redol, o livro que escolhi como tema livre no último teste. Claro que lhe dei um desconto na apreciação. Ele sempre tinha gostado das minhas composições e eu sempre me tinha deliciado com as suas palavras de incentivo.

Com a voz pausada mas vibrante com que nos tinha posto a gostar de estudar os Lusíadas, perguntou-me porque tinha voltado para Santarém.”Querias tanto sair daqui, na altura”.
Pensei nos sonhos, entretanto desfeitos. No que queria fazer. No que não tinha feito. Na razão porque ali estava de novo.
Os momentos de hesitação, talvez algum brilho inesperado nos olhos, levou-o a levantar-se devagarinho e a dizer baixinho “Tenho que me ir embora, Isabel. Lembra-te que o quadro da sala é da cor que que lhe quiseres dar”.

Nunca nos voltámos a ver. Os tempos maus passaram. Saí de Santarém. Voltei a ver quadros de diferentes cores. Continuo a gostar de escrever. Voltei, até, a reencontrar muitos dos sonhos, que julgava, perdidos. Só não consegui nunca falar com a mesma facilidade com que escrevo. Mas sempre que o tenho que fazer revejo os olhos brilhantes do meu Professor de Português, enquanto nos lia Camões. E sei que sou capaz.

Ainda hoje lhe agradeço por ter sempre insistido que o quadro preto pode ter as cores que eu lhe quiser dar.

Abril, 2005

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Para não fugir a Abril...voltando aos sons de todos e a algumas palavras minhas

Não sei se se passa o mesmo com todos os que viveram aqueles dias. Nem sei se se passa sempre o mesmo comigo.
Há momentos em que já não consigo recordar-me nas imagens e em que apenas me guardo nos sons. Há momentos em que me recordo neles, nos que, teimosamente, perduram, mas já não estou segura que ainda me consiga sentir neles. Em que parece que já só me consigo olhar neles. Como se de fora.

Os desencantos. A vida. Os caminhos que, entretanto, fizemos dos nossos sonhos, a Revolução que não fizemos e aquilo a que outros chamaram Revoluções e o que delas fizeram, talvez a idade, ou, talvez apenas o tempo, fazem com que hoje já só haja alguns sons que me voltam a colocar quase lá.

Este é um desses sons...

As palavras já não fazem o mesmo sentido? Possivelmente não. Mas isso interessa? No dia em que o cantei, talvez pela primeira vez após Abril, nas ruas de Santarém, ali mesmo juntinho à Escola Prática de Cavalaria, não sei em que dia, já pouco sei de com quem, penso que ainda em Abril, fugida das aulas do Sta. Margarida, a mentir aos meus avós, arranjando desculpas para chegar a casa tarde, e tarde era, então, o fim da tarde, que nem mesmo Abril, ainda bébé, evitava que os catorze anos ainda contassem para as horas de chegar a casa, as palavras que eu cantava diziam que queria fazer um País livre. E um Mundo melhor...

O que fizeram, o que eu própria com elas ou delas fiz, neste momento, interessa pouco. Sem elas não seria o que sou hoje. Nem o Mundo seria o que é hoje. Para o bem e para o mal. Por isso, não sei se se passa o mesmo com todos os que viveram aqueles dias. Ou se se passa o mesmo comigo todos os dias. Mas apesar dos erros, das dúvidas, das traições e dos desencantos, El Pueblo Unido volta a colocar-me em mim quando em mim tudo era possível. Até mudar o Mundo...
E sinto orgulho nisso. E uma imensa alegria.

Abril - 2008

Adriano Correia de Oliveira

quarta-feira, 7 de abril de 2010

C'est un joli nom...

Gosto do nome camarada. Gosto do som e gosto do sentido. Acho que o sinto como um tecto, uma bengala. Como horizonte, como caminho, mas também como ponto de partida.
Tenho um camarada que se ria sempre porque sempre que lhe enviava um SMS escrevia "Camarada..." e vinha depois a mensagem. O "camarada" seria dispensável, tipo enviar um SMS para o Manel ou para a Maria e começar por Manel ou a Maria boa tarde??? Claro que não era, tentava eu explicar...e não era mesmo!! Manel e Maria eram os nomes...camarada era...camarada!!!
Aliás, acho que uma das razões porque não me imagino (desculpem lá o mau jeito!) a deixar de pertencer a um partido de esquerda é depois não ter ninguém a quem chamar camarada... sem "camaradas" acho que ficava coxa...
Assim, caros camaradas, nem que seja para ter o prazer de ouvir o som e de sentir o aconchego...vão ter que levar comigo!!

"Quando se fala num pedido de convocatória extraordinária da Convenção Nacional de que é que estamos a falar?"

Passem pelo Blog da Convenção Extraordinária do Bloco de Esquerda. O meu camarada Paulo Silva, publica as perguntas e as respostas sobre a Convenção, as razões de termos iniciado o processo, o que pretendemos com ele...
E discutam...afinal, na base de todo este processo esteve e está a falta de discussão. É a discussão democrática que queremos fazer.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Convite

(Cliquem na imagem, para a fazer maior...que eu não consigo!!)

Início

Se pensar um pouco, o camnho começou aqui.
Dos muros do Liceu, viam-se e ouviam-se, ao longe, os comboios. E eles eram, para uma jovemzita de 15 anos, o caminho da liberdade e a estação, cheia de azulejos azuis, o apeadeiro para o futuro.
Lá, apanhei o comboio para vir salvar a Revolução... perdi o 1º, porque troquei as horas e o meu pai me foi buscar por um braço, só apanhei à 2ª...e ainda hoje tenho dúvidas se não foi esse atraso que permitu o Cavaco e o Sócrates...:)
Mais tarde, aquele banco, mesmo ao lado da porta, foi o descanso de muitas lutas pessoais e colectivas perdidas, muitas dúvidas e muitas perdas. Sei lá porquê, acho que, dessa altura, me lembro que fazia sempre frio e o céu estava sempre cinzento. E era noite.
Mais tarde, voltou a ser um lugar de reencontro. Lembro-me da minha mãe, encostada ao candeeiro à espera do seu menino....muito mais do seu menino que de mim, não se cansava de, com um sorriso matreiro nos lábios, me dizer quando chegávamos...e eu, apesar de não acreditar, gostava que ela dissesse. E do sorriso.
Agora, com o carro e sem o sorriso matreiro, deixámos de a frequentar. Mas ainda é um lugar de passagem obrigatória para mim. Para dias de luz.
Tinha razão, quando espreitava do muro do liceu. O futuro passaria por ali. O futuro que agora é pasasdo. O futuro que agora é presente. E, acredito, cheia de força de acreditar, que o futuro...tout court.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Assim se fizeram caminhos

Os rebentos

Porque não?

Iamos-nos encontrando, mas há muito que nos tinhamos "desachado".
Aliás, quando me lembrava dele, ou o encontrava, vinha-me sempre à memória o protagonista do Oxalá, de António Pedro de Vasconcelos. Como se estivesse, sempre tivesse estado ao lado, do lado de fora, de tudo. Inclusivé da vida.
Da última vez que nos encontrámos, no início da doença da minha mãe, perguntei-lhe porquê. Ele respondeu-me "porque não?".
Fiquei sem resposta. Agora já não dá.

domingo, 4 de abril de 2010

Convenção Extraordinária do Bloco de Esquerda

Este vai ser um caminho a trilhar nos próximos tempos.

Inquietação

De volta...


Não há nenhuma razão especial. Também não sei para que o quero ou como o quero. Será, é, apenas, uma estação. Onde pararei quando for tempo de parar, pelo tempo que der para parar. Irei buscar pedacitos que, por outros caminhos e outras estações, foram ficando. E dando-lhe outros. Novos.
Tenho a certeza de duas coisas: nunca servirá para me afastar da vida cá de fora nem deixarei que interfira com a vida cá de fora.
Tem comentários moderados porque sim. E só até que não me incomodem também porque sim.
Será, apenas e só, um imenso livro em branco. Que irei enchendo quando, como e se me apetecer. Sem obrigações, prazos, expectativas, nem muita entrega...que isto de nos entregarmos a mundos virtuais passa com a idade. Contrariamente ao tempo em que comecei no Afixe, agora, neste momento, não troco a vida cá de fora por nada deste mundo. Porque gosto muito dela...e porque me falta tempo.

Pela primeira vez num Blog pessoal, pela única razão, que este troço do caminho, me apetece fazer a solo. Não deixei de gostar muito de ter companheiros de viagem...mas, agora, apetece-me olhar para a paisagem...e outras vozes, por mais amigas que fossem as outras vozes, ir-me-iam distrair daquela pedra, da papoila, do ninho da cegonha, do engarrafamento da hora de ponta na estrada mesmo ao lado da linha, do velhote sentado ao Sol, do puto a jogar à bola, do sem-abrigo a dormir à chuva, do desempregado no último olhar para a fábrica ou o serviço, que foram seus. Dantes era possível fazer tudo, ouvir, responder e ver...agora a idade pesa.