terça-feira, 6 de abril de 2010

Início

Se pensar um pouco, o camnho começou aqui.
Dos muros do Liceu, viam-se e ouviam-se, ao longe, os comboios. E eles eram, para uma jovemzita de 15 anos, o caminho da liberdade e a estação, cheia de azulejos azuis, o apeadeiro para o futuro.
Lá, apanhei o comboio para vir salvar a Revolução... perdi o 1º, porque troquei as horas e o meu pai me foi buscar por um braço, só apanhei à 2ª...e ainda hoje tenho dúvidas se não foi esse atraso que permitu o Cavaco e o Sócrates...:)
Mais tarde, aquele banco, mesmo ao lado da porta, foi o descanso de muitas lutas pessoais e colectivas perdidas, muitas dúvidas e muitas perdas. Sei lá porquê, acho que, dessa altura, me lembro que fazia sempre frio e o céu estava sempre cinzento. E era noite.
Mais tarde, voltou a ser um lugar de reencontro. Lembro-me da minha mãe, encostada ao candeeiro à espera do seu menino....muito mais do seu menino que de mim, não se cansava de, com um sorriso matreiro nos lábios, me dizer quando chegávamos...e eu, apesar de não acreditar, gostava que ela dissesse. E do sorriso.
Agora, com o carro e sem o sorriso matreiro, deixámos de a frequentar. Mas ainda é um lugar de passagem obrigatória para mim. Para dias de luz.
Tinha razão, quando espreitava do muro do liceu. O futuro passaria por ali. O futuro que agora é pasasdo. O futuro que agora é presente. E, acredito, cheia de força de acreditar, que o futuro...tout court.