sábado, 17 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

24 de Novembro de 2011

Pelo pão, pela paz, pela saúde, pelo trabalho, pela educação, pela justiça, pela liberdade, pela democracia, pela dignidade. Pelo meu filho.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

:)



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Fazemos o quê?

Penso que para a minha geração, a geração que Abril encontrou no início da juventude ou da idade adulta, esta crise do capitalismo é a segunda oportunidade que a vida nos dá. Ou a segunda (e última!) oportunidade que desperdiçamos.
Temos uma dívida com os nossos pais e um compromisso com os nossos filhos.
Cada dia que passa temos menos a perder. Até em tempo. Mas isso não altera o essencial: deixámos que as nuvens de um Novembro longincuo tapassem o Sol que Abril abriu. Estamos a tempo de não permitir que as trevas deste Novembro, de hoje, se (nos) imponham.
Tentámos muitos caminhos, desencontrámo-nos em muitos cruzamentos, mas respirámos todos da mesma forma inebriada aqueles meses em que tudo foi possível. Temos, pois, em comum o ar que, então, respirámos. E uma experiência que os nosso filhos não têm: nós conhecemos as trevas. Para muitos de nós, a fome não é desconhecida. Nem a repressão. Nem a guerra.

Fazemos o quê? Pagamos esta dívida e cumprimos este compromisso ou deixámos que este Novembro nos derrote definitivamente? E, um dia destes, partimos sem ter sido merecedores do ar que, então, respirámos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pois.

“A notícia da morte de Muammar Khadafi marca o fim de uma era de despotismo e repressão”, declararam hoje num comunicado conjunto o presidente da Comissão Europeia e o presidente do Conselho Europeu, José Manuel Durão Barroso e Herman Van Rompuy, respectivamente."

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O rio





Extenuados de percorrer caminhos sem saída, subir montes de pedra e de pó, sentir o Sol queimar a pele e a tristeza queimar a alma, começar de novo vezes sem conta, olhar em volta e ver silêncio e ouvir o deserto, encontraram finalmente o rio.

E agora?, perguntou-lhe.

Deram as mãos.

Ainda era tempo.

domingo, 9 de outubro de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Resistência e Resposta

ENCONTRO - RESISTÊNCIA E RESPOSTA

"Somos uma País ocupado.Alguém se lembra como se resiste aos invasores? Não temos armas. O Parlamento não chega. A Maioria do Parlamento está com e nas mãos dos invasores. Temos de meter as mãos na lama. No dia-a- dia, de quem fica sem emprego, sem casa, sem pão. E ao mesmo tempo, criar laços de solidariedade. Solidairiedade não é caridade e é um termo caro à Esquerda e à nossa história coletiva.Como se resiste? Como se responde? Vamos trocar umas ideias sobre o assunto?"

Amanhã, 27 de Agosto · 14:00 - 19:00 - Lisboa - Fábrica de Braço de Prata - Rua da Fábrica de Material de Guerra, nº1

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nostalgia do presente

Naquele preciso momento o homem disse:
«O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.»
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia.

José Luís Borges

sábado, 20 de agosto de 2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

RESISTÊNCIA E RESPOSTA -Encontro

Somos uma País ocupado.
Alguém se lembra como se resiste aos invasores? Não temos armas. O Parlamento não chega. A Maioria do Parlamento está com e nas mãos dos invasores. Temos de meter as mãos na lama. No dia-a- dia de quem fica sem emprego, sem casa, sem pão. E, ao mesmo tempo, criar laços de solidariedade. Solidariedade não é caridade e é um termo caro à Esquerda e à nossa história colectiva.
Como se resiste? Como se responde? Vamos trocar umas ideias sobre o assunto?

Sábado, 27 de Agosto · 11:00 - 18:00

Lisboa - Fábrica de Braço de Prata - Rua da Fábrica de Material de Guerra, nº1

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Para nos prepararmos para Setembro...vamos trocar umas idéias sobre isto?

Somos uma País ocupado.
Alguém se lembra como se resiste aos invasores? Não temos armas. O Parlamento não chega. A Maioria do Parlamento está com e nas mãos dos invasores. Temos de meter as mãos na lama. No dia-a- dia, de quem fica sem emprego, sem casa, sem pão. E ao mesmo tempo, criar laços de solidariedade. Solidariedade não é caridade e é um termo caro à Esquerda e à nossa história colectiva.
Como se resiste? Como se responde? Vamos trocar umas ideias sobre isto?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Da fé

Que me lembre só há cinco coisas pelas quais luto desde que me lembro de mim: pela justiça, pela liberdade, pela dignidade, pela amizade e pelo amor.
Apesar de recuos, contratempos, desvios, quedas, erros crassos, faltas de força, equívocos, atitudes de que me penitencio, porque não confessá-lo de que me envergonho, lado a lado com outras de que me orgulho, nunca até hoje desisti de nenhuma dessa lutas.
De nenhuma. Assim sendo, on the road again. Como se dizia dantes, nos tempos das lutas pelos amanhãs que cantavam logo no dia a seguir, a vitória é difícil mas é nossa. Neste caso, a vitória é difícil, porque se cai algumas vezes em lugares obscuros da nossa alma, que nem desconfiávamos que existiam, mas nossa, porque não desistimos de nos levantar.
Ainda cambaleante, mas de pé. A luta destes dias mais próximos é pela justiça, pela dignidade e pelo amor.
E eu, ateia, convicta, tenho fé que as vá vencer. Um dia destes haverá de novo a nossa estrela da tarde.

sábado, 30 de julho de 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ètre...to be...ser....estar...

Cresci num tempo em que algumas palavras "auto-proibidas", se sucederam a muitas que o fascismo proibia.

Não se dizia "amo-te" porque isso implicava uns compromissos do caraças...a gente dizia amo-te e era como se estivesse a fazer promessas eternas e fazer promessas eternas era reaccionário comó caraças...a revolução estava na ordem do dia e a gente amava os amanhãs que cantavam, os princípios inquestionáveis, a Revolução, tivesse ela o nome que tivesse, dependendo dos senhores de barbas ou de bigodes ou de sinalzinho que a gente...amasse...e era tudo. Também não se dizia que éramos felizes. Nunca! Ai sou tão feliz...era logo seguido de um discurso (auto-discurso, antes de qualquer outro) empolgado sobre a luta de classes, a exploração, as perseguições. Levava~se com uma etiqueta de egoísta (que militantemente ajudávamos a pressionar para ficar bem colada!) , qual quê, de reformista ou quiçá contra-revolucionária e já está.

Até há muito pouco tempo, não conseguia dizer amo-te (aliás, confesso, acho que ainda hoje, sei lá se me recordando ainda de bigodes retorcidos ou sinais mal encarados na cara), só consigo...escrever. Mas, pronto, já sai.

Sou feliz, não. Continua a ser uma impossibilidade. Acabei, no entanto, por trocar as voltas aos amanhãs que, receio bem, têm muito pouco de rouxinol. Para vencer bigodes, barbichas e sinais, tornei-me poliglota e recordei que franceses e ingleses têm o mesmo verbo para ser e estar. Je suis heureuse ou I'm happy, resolve a questão. E não me sinto muito a fazer o jogo da reacção...:))

E, neste momento, suis e am.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

E por ser mulher?

Nunca fui feminista na vida. Sempre lutei por direitos iguais e contra todas as descriminações. obviamente que as de sexo, incluídas. Quando Assunção Esteves foi eleita presidente da AR, não consegui evitar um sorriso algo "sacaninha", perante os clamores de vitória e de alegria de muitas companheiras de Esquerda. Porque os achei, antes de mais, ingénuos. Uma mulher em qualquer lugar pode ser tão boa ou tão má como um homem. O contrário desta premissa, é sempre, no meu modesto entender, profundamente conservador ou atrozmente ingénuo. E a ideologia existe.

As alterações mais danosas dos interesses dos trabalhadores que a revisão da Legislação laboral vai contemplar, vão ser feitas, à revelia da Constituição, sob o consentimento criminoso de um presidente da AR eleito pela Direita...com a alegria da Esquerda.

É-me absolutamente indiferente ter à frente da AR um homem ou uma mulher. Desde que cumpram a Constituição. Lutarei contra quem não a cumpre. Nunca me lembro do sexo nestas ocasiões. Mais uma vez, e desculpem-me a imodéstia acho que o silêncio foi a escolha certa.

A eleição de Assunção Esteves não constituiu nenhuma vitória para a Esquerda nem para as mulheres. A Direita achou que era a pessoa indicada para fazer esquecer o circo da tentativa de eleição de Fernando Nobre, exactamente por ser mulher. E muita Esquerda embandeirou em arco. As mulheres, as mulheres trabalhadoras, desempregadas, precárias, as mais discriminadas de todos os discriminados, ficaram a ganhar o quê com a sua eleição?

Acabo sempre por chegar à conclusão que a Esquerda está a passar um período de uma enorme falta de consistência ideológica mas, sobretudo, de falta de auto-estima: contenta-se com muito pouco, cada dia se contenta com menos.

domingo, 17 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Sobre as correntes antigas e a proposta da corrente nova, dentro do Bloco


Participei no Encontro desta tarde do Manifesto em que um dos temas em discussão foi a "descorrentização" dentro do Bloco. Considero importante, até porque pioneira dentro da maioria, a opinião manifestado pelos meus camaradas do Manifesto, no documento que serviu de base a este encontro ( que se pode ler aqui).
Reitero a opinião que lá deixei, aqui escrita, pois nem sempre a oralidade, sobretudo se de imprevisto, é aliada: acredito que a riqueza do BE pode ser construída a partir da existência de correntes/tendências internas. Creio que o problema do BE nunca foi a existência de tendências (só existe uma "legalizada" - a Esquerda Nova e recordo que a corrente onde então eu militava a Luta Socialista, nunca se tornou tendência por discordar do regulamento do Direito de Tendência, aprovado maioritariamente em Mesa Nacional).

O problema do BE no que diz respeito a correntes, nunca foram, pois, as suas tendências nem a livre discussão entre elas, o problema é que durante anos se fingiu que elas não existiam no seio da maioria (o documento do Manifesto hoje em discussão é, que me lembre, o primeiro documento vindo do seio da maioria, onde se assume a sua existência organizada e o seu papel na tomada de decisões dentro do Bloco) e se deixou que se transformassem em sociedades secretas, quando havia que tomar decisões, capelinhas quando se estava em tempo de reflexão, com rituais de iniciação, deuses eleitos ou por inerência, padres e sacristães, concílios e fiéis, e mercearias quando havia que dividir lugares para formar listas, sobretudo, para as Legislativas, que para as Autárquicas, tinha que se contar com todos, infiéis ou ateus, incluídos. Olhando com desconfiança e desdém qualquer ateu, agnóstico ou supostamente fiel doutra capela, isto é, qualquer militante de qualquer minoria. E, tal como qualquer sociedade secreta que se preze, decidiam e dividiam entre si, políticas, responsabilidades e cargos. Para as tarefas, tal como para as eleições autárquicas, também se contava com os infiéis. Mas só enquanto não questionavam demasiado.

Há agora, descobri há alguns dias e confirmei hoje, uma proposta de alguns dirigentes dessas tendências da maioria – da UDP e do PSR, que nunca foram tendência, mas que sempre todos soubemos dentro do BE que agiam como tal, de fazer uma única corrente, grande, abrangente, maioritária. Isto é tenta-se passar de capela a Igreja, mantendo o resto intacto. Mantendo-se intacto, sobretudo o objectivo final: afastar infiéis e ateus.

A ir avante esta proposta (e ficou claro que não é essa a posição do Manifesto, no que tem o meu total apoio), qualquer aderente que entrasse no BE, que não fizesse ideia qual a doutrina de cada uma das capelinhas, que pensasse estar a entrar “apenas” no Bloco, e que não tivesse vontade ou disponibilidade para os rituais de iniciação, teria agora à sua frente uma Igreja. Pelo que conheço do BE, os ateus talvez ainda parassem uns minutos a olhar para a fachada da Igreja, que não somos imunes à monumentalidade que a fachada de uma igreja sempre representa, mas, dariam na mesma meia volta e iriam para casa, como têm ido até agora, que isto de ser de Esquerda, queira-se ou não, é cada vez feito com menos fé e mais opinião.
Continuando numa linguagem algo religiosa, creio que diriam "para este peditório eu já dei" e continuariam a mostrar-se tão descrentes como se têm mostrado grande parte (a maioria?) dos novos aderentes em relação às capelas.

Questiono-me , enfim, quem objectivamente a maioria da maioria quer afastar da maioria, com a criação de tal corrente. Para afastar as minorias do poder de decisão , não é necessária, nunca o tiveram.. Para afastar os “independentes” tampouco, também nunca o tiveram.

Então quem?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto - 1952-2011

Se me recordar das vezes que ao longo dos anos, discordei dela, a critiquei, contestei o que defendia, a acusei de estar do "outro lado da barricada", a ouvi manifestar as suas convicções com determinação, nelas não me revendo, mas mesmo assim ouvindo, só posso reconhecer que lutou sempre pelo que acreditava. O facto de o que acreditava estar nos antípodas do que eu acredito não retira uma virgula ao seu valor como lutadora. Que descanse em paz.

terça-feira, 28 de junho de 2011

sábado, 25 de junho de 2011

"É, por isso, que se impõe reflectir, debater, ouvir, saber ouvir, reflectir de novo, concluir e agir. "

Reflicta-se, pois. Aberta e democraticamente. Sem tabus nwem verdades absolutas e tentando vencer os fantasmas. O futuro não nos perdoará se assim não fizermos.
Aqui fica um óptimo contributo do Paulo Silva.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Rui Tavares



1 - Na nota no FB que começou toda esta triste história, Francisco Louçã usou, publicamente, os mesmo métodos que há muito tem usado, publicamente, para quem discorde das decisões da Direção do BE (e das suas!). Algumas vezes acusa, aqui insinua. Deturpa sempre.


2 - Rui Tavares perde toda a razão que, a meu ver, teve em reagir a uma nota ofensiva, com a decisão que hoje toma. A sua dignidade pessoal e profissional que evocou para se insurgir contra as palavras de Louçã, esfuma-se completamente ao manter-se no Parlamento mas, sobretudo, ao mudar-se para os Verdes. Não discuto se o lugar pertence ao Partido ou ao eleito (creio que essa discussão deveria ter sido feita no BE há muito...mas, tal como tantas, nunca o foi), sei que não foi isso que os eleitores que votaram Bloco em 2009, votaram, e tenho a certeza que Rui Tavares também o sabe.


3 - Pelo que sei foi o Bloco que convidou o Rui Tavares há dois anos e não o Rui Tavares que se "ofereceu" ao Bloco. Lembro-me de terem havido vozes criticas em relação à escolha, algumas públicas, mas não tenho idéia de terem vindo de ninguém dos que hoje andam pelas caixas de comentários do FB e pelos Blogs a chamar-lhe traidor e outros mimos do mesmo calibre.


4 - Aquando do voto de Rui Tavares quanto à invasão da Líbia também não me lembro de ter visto nenhuma dessas vozes a exigir que a Direcção do BE lhe retirasse a confiança política.


5 - Visto de fora, este episódio, a somar a todos os outros, deve aparecer como mais uma confirmação do desnorte que tomou conta do Bloco. E deve servir para dar mais uma machadada na sua credibilidade. E é óptimo para que a Direita comece a arrumar a casa. Tudo motivos que nos deveriam fazer pensar...mas não.


6 - Fiz campanha com o Rui, com o Miguel, com a Marisa e com todos os camaradas que faziam parte da lista às europeias e gostei. Gostei da camaradagem que, então, ainda se conseguiu viver. Gostei da confiança que se criou entre camaradas que se sabia terem divergêencias, algumas delas, profundas. Gostei do respeito mútuo. Gostei de ter feito de camaradas, também amigos.


Lamento que o Rui Tavares que hoje decidiu continuar no PE nestas circunstâncias, não mostre ser o Rui Tavares que julguei ter conhecido (apesar das muitas divergências políticas que sempre existiram entre nós) da mesma forma que lamento que o Bloco seja cada dia menos (irreversivelmente?) esse lugar de camaradagem, respeito mútuo e confiança que ainda se vislumbrava, em Maio e Junho de 2009, apesar de muitos alertas anteriores, pudesse ser.


7 - O oportunismo político, as insinuações, o desnorte, a falta de visão sobre a real dimensão das atitudes que se tomam e quem com elas pode lucrar, o secatrismo, a facilidade com se passa de bestial a besta, o seguidismo, a incoerência, são faces de uma mesma moeda. E é dessa moeda que é cada dia, mais cunhado o dia a dia do Bloco. Neste dia a dia, a atitude de hoje de Rui Tavares acaba por ser, apenas, mais um triste espisódio dos tristes episódios que o Bloco teima em criar/viver. O Rui Tavares sai muito mal desta história. O Bloco não sai melhor.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Amélie Poulain

domingo, 19 de junho de 2011

O ribeiro que perdeu o norte


Era uma vez um ribeiro.

Nasceu pequeno, feito de águas várias vindas de lugares vários, entalado entre montes, rodeado de muitas pedras. Era uma vez um ribeiro. Que nasceu e trouxe esperança para as terras secas e as gentes cansadas de à sua volta.

Com o tempo, foram-se juntando outras águas. Mãos vigorosas com a ajuda. algumas vezes, poucas, mas algumas, da chuva e do vento, mas sobretudo, mãos vigorosas e calejadas de sonhos e de lutas, de homens e mulheres, foram-se juntando e afastando as pedras, alargando os montes, e o ribeiro virou rio. Pequeno sim, mas rio.

Depois, dentro daqueles que alargaram os montes, que encheram o caudal, houve quem achasse que era dono do rio. Mais dono do rio. Ou o único dono rio, conforme o caso.

O rio foi dando sinais de mal estar, que os rios não nasceram para ter donos, nem os ribeiros, quanto mais os rios, mas os que se achavam donos do rio, ou assobiavam para o lado, ou achavam que quem se queixava, quem reclamava, não era o rio, mas sim os que os tinham ajudado a abrir montes e a arredar pedras. E não ouviam os gemidos do rio.

Com o tempo, alguns, sobretudo os que se julgam donos do rio, por opção, por incapacidade ou por desnorte, foram deixando que novas pedras se juntassem nas margens. Pedras ameaçadoras para o caudal do rio, mas que eles não viam. Ou fingiam não ver.

Um dia o rio quase virou de novo ribeiro.

Não seria irreversível. Seria sempre possivel começar de novo. Arredar pedras, abrir os montes. Mas há um problema: o ribeiro, que chegou a ser rio, perdeu o norte.

Não sabe mais onde fica o mar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ainda assim...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Nossa

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Notas sobre a derrota eleitoral do Bloco e o Bloco saído da derrota eleitoral

A Comissão Política do Bloco de Esquerda reuniu esta tarde para analisar os resultados eleitorais.
Da reunião, tal como das declarações e artigos desde Domingo publicados por dirigentes do BE, ressaltam algumas conclusões, quase unânimes:

1 – Grande parte da responsabilidade da votação no Bloco, deve-se a factores externos ao BE – voto útil (sem que se explique em nenhum lugar porque só funcionou para o Bloco); medo e instabilidade motivados pela crise.

2 – Na parte que é da responsabilidade do Bloco, fala-se na dificuldade em passar a mensagem sobre as opções feitas, não se questionando, nunca, essas opções. Autocrítica continua a ser palavra proibida para os dirigentes do Bloco.

3 – A dificuldade de transmissão dessa mensagem começa na Moção de censura e acentua-se na recusa em ir à reunião com a Troika.

4 – O voto sobre a intervenção do FMI na Grécia, nunca existiu ou foi por todos os eleitores e aderentes compreendido ou esquecido.

O apoio ao candidato do Governo nas Presidenciais, iden, iden (Fernando Rosas no seu artigo “Sete notas pessoais sobre os resultados do BE”, fala de passagem sobre as presidenciais, encarregando-se de as colocar em pé de igualdade com a Moção de Censura). A fotografia de Alegre abraçado a Sócrates, no dia a seguir à de Alegre com deputados e dirigentes do BE e do PS, não foi vista por nenhum eleitor, ou se o foi, foi inteiramente compreendida (é sintomático, como todos falam que esta foi a 1ª derrota eleitoral do BE, esquecendo que a votação em Alegre, depois de todo o empenho que o Bloco teve na sua campanha e na sua eleição, foi, efectivamente a 1ª derrota do Bloco, não só em termos políticos como eleitorais, já que todos os dados indicam que a esmagadora maioria dos eleitores do BE em 2009 não votaram no candidato apoiado pelo Bloco em Janeiro de 2011, mais dos que os que no Domingo passado não o fizeram).

5 – Fala-se da transferência de votos do Bloco para a Direita (que penso que não foi, de nenhuma forma significativa), sem em nenhum momento se questionar as razões da transferência de votos para a CDU ou, sobretudo, para a abstenção – aliás a abstenção à esquerda e da Esquerda (porque foi dessa que efectivamente se tratou) continua sem merecer qualquer análise séria de qualquer Partido de Esquerda.

6 – Desde Domingo que se promete, e todas as intervenções e todos os artigos corroboram a promessa, discussão interna para encontrar as razões da derrota e discutir a actuação do Partido depois dela.

Esta tarde, depois da reunião da Comissão Política, é prometida discussão em todos os órgãos democraticamente eleitos do Bloco, mas Fernando Rosas assegura, que não vai haver Convenção Extraordinária, possivelmente esquecendo-se (como se esqueceram há um ano!) que a Comissão Política não tem estatutariamente poderes para negar ou para propor a convocação de uma Convenção Extraordinária. Isto é, a CP do Bloco vai ouvir os aderentes, depois ouvirá a MN, mas decide antes de ouvir uns e outros (os únicos que têm poderes para a convocar – segundo os Estatutos do BE uma Convenção Extraordinária pode ser convocada por 10% dos aderentes ou pela Mesa Nacional) que nem uns nem outra decidirão pela sua convocação.

7 – Na minha experiência pessoal, quando saio para o mundo lá de fora, o da minha empresa e da minha rua (os Partidos de Esquerda, todos sem excepção, continuam teimosa e arrogantemente a não querer aceitar a importância do mundo de cada um na compreensão do mundo de todos), e tento entender porque muitos que o fizeram em 2009 não votaram hoje no BE, as razões apontadas são muito diferentes das que os dirigentes do BE apontam: fala-se em presidenciais, fala-se na Moção de censura, quase ninguém toca na reunião da Troika, manifesta-se incompreensão por votações ao lado da Direita (nomeadamente na discussão do PEC IV que daria origem à queda do Governo), mas, sobretudo, há dois denominadores comuns: um mais politizado, que abrange toda a Esquerda e justifica o voto útil (de Domingo, que não penso que tenha sido significativo, mas, sobretudo, futuro, que com a saída de Sócrates e o PS na oposição, me parece bem mais previsível e significativo!): “ Não serve de nada votar no Bloco nem no PCP pois eles nunca se entenderão nem nunca formarão Governo” e uma mais desencantada, menos politizada: “O BE tornou-se igual aos outros!”.

Penso que esta última opinião, maioritária entre os que hoje não votaram Bloco, optando pela abstenção, deveria ser, também por outra razão, mais “interna”, motivo de grande atenção por parte dos dirigentes do Bloco. Conhecendo razoavelmente o Bloco por dentro, atrevo-me a afirmar sem muito receio de me enganar, que é esta sensação de o BE se ter aproximado perigosamente de “ser igual aos outros”, em termos de funcionamento interno e de postura política, mais e antes da discordância em relação a opções estratégicas ou políticas concretas, que levou e leva ao afastamento de muitos aderentes.

Mas aqui entraríamos numa discussão que ninguém ainda sequer mencionou: um Partido de eleitores e de funcionários (e com os resultados práticos desta maquiavélica relação, o BE terá que lidar muito brevemente), sem militantes e sem trabalho sindical, que não entra nas empresas nem nas escolas, que não soube ou não quis criar raízes nos movimentos sociais ( e que quando as criou, cometeu erros semelhantes aos que, ao longo de anos, outros cometeram no movimento dos trabalhadores, sendo hoje olhado com desconfiança pelos seus activistas), que centralizou todo o seu trabalho no Parlamento e no Grupo parlamentar, como sobreviverá a uma derrota eleitoral desta envergadura?