quinta-feira, 21 de julho de 2011

E por ser mulher?

Nunca fui feminista na vida. Sempre lutei por direitos iguais e contra todas as descriminações. obviamente que as de sexo, incluídas. Quando Assunção Esteves foi eleita presidente da AR, não consegui evitar um sorriso algo "sacaninha", perante os clamores de vitória e de alegria de muitas companheiras de Esquerda. Porque os achei, antes de mais, ingénuos. Uma mulher em qualquer lugar pode ser tão boa ou tão má como um homem. O contrário desta premissa, é sempre, no meu modesto entender, profundamente conservador ou atrozmente ingénuo. E a ideologia existe.

As alterações mais danosas dos interesses dos trabalhadores que a revisão da Legislação laboral vai contemplar, vão ser feitas, à revelia da Constituição, sob o consentimento criminoso de um presidente da AR eleito pela Direita...com a alegria da Esquerda.

É-me absolutamente indiferente ter à frente da AR um homem ou uma mulher. Desde que cumpram a Constituição. Lutarei contra quem não a cumpre. Nunca me lembro do sexo nestas ocasiões. Mais uma vez, e desculpem-me a imodéstia acho que o silêncio foi a escolha certa.

A eleição de Assunção Esteves não constituiu nenhuma vitória para a Esquerda nem para as mulheres. A Direita achou que era a pessoa indicada para fazer esquecer o circo da tentativa de eleição de Fernando Nobre, exactamente por ser mulher. E muita Esquerda embandeirou em arco. As mulheres, as mulheres trabalhadoras, desempregadas, precárias, as mais discriminadas de todos os discriminados, ficaram a ganhar o quê com a sua eleição?

Acabo sempre por chegar à conclusão que a Esquerda está a passar um período de uma enorme falta de consistência ideológica mas, sobretudo, de falta de auto-estima: contenta-se com muito pouco, cada dia se contenta com menos.