quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ètre...to be...ser....estar...

Cresci num tempo em que algumas palavras "auto-proibidas", se sucederam a muitas que o fascismo proibia.

Não se dizia "amo-te" porque isso implicava uns compromissos do caraças...a gente dizia amo-te e era como se estivesse a fazer promessas eternas e fazer promessas eternas era reaccionário comó caraças...a revolução estava na ordem do dia e a gente amava os amanhãs que cantavam, os princípios inquestionáveis, a Revolução, tivesse ela o nome que tivesse, dependendo dos senhores de barbas ou de bigodes ou de sinalzinho que a gente...amasse...e era tudo. Também não se dizia que éramos felizes. Nunca! Ai sou tão feliz...era logo seguido de um discurso (auto-discurso, antes de qualquer outro) empolgado sobre a luta de classes, a exploração, as perseguições. Levava~se com uma etiqueta de egoísta (que militantemente ajudávamos a pressionar para ficar bem colada!) , qual quê, de reformista ou quiçá contra-revolucionária e já está.

Até há muito pouco tempo, não conseguia dizer amo-te (aliás, confesso, acho que ainda hoje, sei lá se me recordando ainda de bigodes retorcidos ou sinais mal encarados na cara), só consigo...escrever. Mas, pronto, já sai.

Sou feliz, não. Continua a ser uma impossibilidade. Acabei, no entanto, por trocar as voltas aos amanhãs que, receio bem, têm muito pouco de rouxinol. Para vencer bigodes, barbichas e sinais, tornei-me poliglota e recordei que franceses e ingleses têm o mesmo verbo para ser e estar. Je suis heureuse ou I'm happy, resolve a questão. E não me sinto muito a fazer o jogo da reacção...:))

E, neste momento, suis e am.