quarta-feira, 22 de junho de 2011

Rui Tavares



1 - Na nota no FB que começou toda esta triste história, Francisco Louçã usou, publicamente, os mesmo métodos que há muito tem usado, publicamente, para quem discorde das decisões da Direção do BE (e das suas!). Algumas vezes acusa, aqui insinua. Deturpa sempre.


2 - Rui Tavares perde toda a razão que, a meu ver, teve em reagir a uma nota ofensiva, com a decisão que hoje toma. A sua dignidade pessoal e profissional que evocou para se insurgir contra as palavras de Louçã, esfuma-se completamente ao manter-se no Parlamento mas, sobretudo, ao mudar-se para os Verdes. Não discuto se o lugar pertence ao Partido ou ao eleito (creio que essa discussão deveria ter sido feita no BE há muito...mas, tal como tantas, nunca o foi), sei que não foi isso que os eleitores que votaram Bloco em 2009, votaram, e tenho a certeza que Rui Tavares também o sabe.


3 - Pelo que sei foi o Bloco que convidou o Rui Tavares há dois anos e não o Rui Tavares que se "ofereceu" ao Bloco. Lembro-me de terem havido vozes criticas em relação à escolha, algumas públicas, mas não tenho idéia de terem vindo de ninguém dos que hoje andam pelas caixas de comentários do FB e pelos Blogs a chamar-lhe traidor e outros mimos do mesmo calibre.


4 - Aquando do voto de Rui Tavares quanto à invasão da Líbia também não me lembro de ter visto nenhuma dessas vozes a exigir que a Direcção do BE lhe retirasse a confiança política.


5 - Visto de fora, este episódio, a somar a todos os outros, deve aparecer como mais uma confirmação do desnorte que tomou conta do Bloco. E deve servir para dar mais uma machadada na sua credibilidade. E é óptimo para que a Direita comece a arrumar a casa. Tudo motivos que nos deveriam fazer pensar...mas não.


6 - Fiz campanha com o Rui, com o Miguel, com a Marisa e com todos os camaradas que faziam parte da lista às europeias e gostei. Gostei da camaradagem que, então, ainda se conseguiu viver. Gostei da confiança que se criou entre camaradas que se sabia terem divergêencias, algumas delas, profundas. Gostei do respeito mútuo. Gostei de ter feito de camaradas, também amigos.


Lamento que o Rui Tavares que hoje decidiu continuar no PE nestas circunstâncias, não mostre ser o Rui Tavares que julguei ter conhecido (apesar das muitas divergências políticas que sempre existiram entre nós) da mesma forma que lamento que o Bloco seja cada dia menos (irreversivelmente?) esse lugar de camaradagem, respeito mútuo e confiança que ainda se vislumbrava, em Maio e Junho de 2009, apesar de muitos alertas anteriores, pudesse ser.


7 - O oportunismo político, as insinuações, o desnorte, a falta de visão sobre a real dimensão das atitudes que se tomam e quem com elas pode lucrar, o secatrismo, a facilidade com se passa de bestial a besta, o seguidismo, a incoerência, são faces de uma mesma moeda. E é dessa moeda que é cada dia, mais cunhado o dia a dia do Bloco. Neste dia a dia, a atitude de hoje de Rui Tavares acaba por ser, apenas, mais um triste espisódio dos tristes episódios que o Bloco teima em criar/viver. O Rui Tavares sai muito mal desta história. O Bloco não sai melhor.