domingo, 9 de maio de 2010

Sobre a vitória do Benfica e o cruzar dos braços

Faz-me imensa confusão as pessoas que levam a vida toda muito a sério. Ou que se levam muito a sério nela.

Nunca pertenci a um clube de futebol. Quando é no campeonato do Mundo ou da Europa e Portugal está lá, vibro, enervo-me, arrumo as gavetas para não ver os jogos...e sempre fiz isso, desde que me lembro...e nunca deixei de, nos outros dias todos, nesses dias inclusive, se necessário foi, lutar, barafustar, reclamar, exigir. Este ano, sobretudo porque os meus amigos benfiquistas me transmitiram o entusiasmo, até dei por mim a vibrar com as vitórias e com a vitória do Benfica.
E não me sinto nada culpada. De nada culpada. Ontem estive onde foi preciso estar, a lutar contra as injustiças sociais. Amanhã estarei onde for preciso estar, a lutar pela dignidade e pelo direito a uma vida livre e a uma vida digna. Hoje, agora mesmo, se fosse preciso também estaria!
Para mim o dia de hoje não deu nenhum intervalo aos donos deste mundo...deu-me um merecido e vitaminico intervalo a mim. Para amanhã ter mais um bocado de energia para os chatear e combater.

Se lamento alguma coisa neste entusiasmo que enche as ruas? Sim, lamento. Que não seja igual quando é necessário lutar pelos nossos direitos. Por um País e um Mundo melhores...mas disso, meus amigos, o Benfica não tem culpa nenhuma. Disso, meus caros, a culpa é vossa. Se optam por cruzar os braços, se se esquecem de gritar de raiva ou de alegria, 364 dias por ano, e só gritam e vibram no dia em que a vossa equipa de futebol ganha um campeonato, a culpa não é duma equipa de futebol, não é do futebol, é da vossa desistência. Do vosso comodismo e de uma, muitas vezes, dose qb de cobardia.

Desculpem lá, os que acham sempre que a alienação está ali ao lado da esquina a espreitar e que somos todos uns mentecaptos a qual ela toma nos seus braços...mas gritar por uma equipa de futebol não mata ninguém...abdicar de lutar por um Mundo melhor para nós e para os nossos filhos, isso sim mata! A esperança e o futuro, antes de mais.