quinta-feira, 8 de março de 2012

8 de março de 2012

Acordou, manhã cedo e quis ficar mais um pouco. Espreguiçou-se na memória de afagos, de lutas, de sexo, dos primeiros dentes, de solidões, de partilhas, de perdas, de saudades, de contas sem fim, de contos a que já nem lembra o início, de medos, inseguranças, risos malucos, de entregas, de corpos nus enlaçados em amor transpirado por todos e em todos os poros, de "mãe, não quelo dolmil!", papéis, de folhas e de vidas, de partidas, chegadas, encontros, traições, mentiras, almas e corações abertos, entregues, dados, recusados, de douros, tejos, montes para escalar e vales rodeados de montes para escalar, de palavras amargas ditas e ouvidas, de palavras claras para reivindicar direitos e dignidade, de sussurros, lágrimas, da falta que lhe faz "oh rapariga, não telefonaste à mãe, porquê?", de começos, recomeços, desistências, persistências, esperas e de mais risos.
É mais um dia seu.