quarta-feira, 21 de julho de 2010

E se a derrota da Direita for a vitória do voto útil?

Passos Coelho tenta ir até onde a Direita nunca foi. O objectivo é dar uma machadada final na Constituição da República. Retirando-lhe as referências ao Estado Social. Fazendo um cerrado ataque ao direito constitucional ao emprego, aos direitos dos trabalhadores e às suas organizações.

Passos Coelho tenta, afinal, passar a papel aquele que tem sido o trabalho de todos os Governos do Bloco Central, durante as últimas três décadas.
Passos Coelho consegue colocar Sócrates e o PS, coveiros partilhados da Constituição, como seus defensores e seus garantes.
Com isso pode até inviabilizar a sua eleição como 1º Ministro, sobretudo se o próximo PS a ir a eleições não tiver Sócrates ao leme...mas, em Portugal, a Direita mais reaccionária e mais obscurantista nunca primou pela inteligência. É perigosa porque é arruaceira bem mais do que por ser inteligente.

A questão é como vai a Esquerda sair disto. Em futuras eleições (eventualmente antecipadas) em que o PS ( se for sem Sócrates, ainda mais fácil será), conseguir aparecer como oposição e entrave à vitória desta Direita arruaceira, conservadora e revanchista, o voto útil tenderá a ser uma arma.

Mais do que nunca a distanciação tem que ser feita. Nas lutas de rua e nas eleitorais. E as próximas eleições são as Presidenciais.

Ao neo-liberalismo pouco interessa que a Direita seja estúpida...se para a sua manutenção tiver uma "Esquerda" que seja sua guardiã e uma Esquerda que seja incapaz de lhe criar alternativas.