domingo, 12 de setembro de 2010

Claude Chabrol - 1930-2010


A nossa memória tem coisas...creio que vi todos os filmes de Chabrol.
O que me vem sempre à memória não é, no entanto, um filme. É uma história duma série de televisão que se chamava Histoires Insolites.
Não sei com quem era, onde era. Sei pouco. Lembro-me que se tratava de um casal de reformad
os de Paris, que ia passar férias a uma estãncia balnear no Sul de França, ao pé do mar, durante o Verão.
E que, terminadas as férias, porque nada tinham que os ligasse a Paris, resolviam ficar.
E depois...depois era um murro no estomago sobre a solidão e o abandono. Sobre aquilo de que as pessoas normais podem fazer, se podem tornar, sobre a forma como se não aceita o estranho, o intruso e não se ousa fugir à regra.
Nem sequer sei se alguma vez vi esta história ou se a inventei...sei lá. Penso que não teria nem arte nem engenho para tanto.

Claude Chabrol partiu hoje. Truffaut deve esperá-lo e encherão a sala do Palácio Foz lá do lugar, tal como faziam nos finais de 70 e inícios de 80, ali nos Restauradores.

Um dia qualquer, é assim a lei da vida, Godard, juntar-se-lhes-á. Esperam-nos, pois a todos, umas noites bem passadas.
Procurando o elevador da Glória lá do lugar, o Palácio Foz fica mesmo ao lado. Nada a enganar.